1925 - 2020
Sua casa era lugar de aconchego, de bolos e refrescos.
Mamãe, Vovó Mazé, Dona Mazé, Dona Maria... Eram tantos nomes que recebia...
Maria José nasceu em 1925, na cidade cearense de Morada Nova, local onde cresceu e conheceu seu grande amor, Mario Soares de Lima.
Entre lutas e batalhas, Mazé abandonou o bordado à máquina para criar os sete filhos. Entretanto, o dom do artesanato continuou vivo nas filhas, que dominam com maestria a costura, o crochê, o bordado e outras artes.
Lugar de aconchego era a casa da Dona Mazé, onde a juventude do Pirambu se reunia todo domingo depois da missa ou depois das antigas serenatas com a certeza da calorosa recepção com bolo e refresco.
“Os deliciosos bolos da Dona Mazé eram sua marca e permanecem vivos na família ao serem reproduzidos meticulosamente por netos e bisnetos”, conta a filha Lídia Maria.
Afirma Lídia que Mazé “não tinha tempo para demonstrar o amor em forma de carinho, então demonstrava em forma de cuidado, seja na farda limpa e bem-passada, no prato posto à mesa, seguido de um ‘pode deixar que eu lavo a louça, pois você precisa estudar/trabalhar’ ou, em incontáveis atos diários de cuidado”. Esse era o jeito de Mazé dizer “estou feliz e orgulhosa com o seu sucesso!”, complementa a filha.
Sempre que podia, dizia envaidecida: “tenho uma filha advogada, uma filha doutora”, e se irradiava de felicidade e satisfação a cada nova formatura. Para ela, esses resultados também eram fruto de seu esforço e daquilo que pregava aos filhos quando ainda eram pequenos: “eu não tive condições de estudar, mas faço o impossível para que vocês tenham”, reproduz o discurso da mãe, a filha Lídia Maria.
Além dos filhos, Mazé também se encheu de orgulho com os caminhos trilhados pelos netos. “Ela teve orgulho de cada filho, neto e bisneto, assim como nós temos imenso orgulho da família que ela, juntamente com o nosso também amado Mário Soares, criou de forma tão humana, generosa e afetuosa”, declara a filha.
A família tinha certeza de que, em breve, comemoraria a festa de 100 anos de Mazé. “Ah, como ela ria da brincadeira de que netos e bisnetos, em algazarra, tentariam alcançar a marca dos 100 ‘parabéns pra você’!”, lembra a filha.
Essas alegres lembranças, que Mazé plantou entre a família, confrontam a dor de perdê-la nesse momento de pandemia, com ausência de contato, de abraço, de cheiro e de carinho que sempre foram constantes nos encontros familiares. “Não era o luto que queríamos viver!”, finaliza Lídia Maria.
Maria nasceu em Morada Nova (CE) e faleceu em Fortaleza (CE), aos 95 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela filha de Maria, Lídia Maria Roberto Gomes. Este tributo foi apurado por Lígia Franzin, editado por Denise Stefanoni, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 19 de dezembro de 2020.