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Maria Lourdes Chaves

1944 - 2020

Amava cozinhar e fazia uma galinha de capoeira de lamber os beiços.

Mulher guerreira e amorosa, dona Maria Lourdes trabalhou muito a vida toda para sustentar a casa e criar a única filha, Luciana. Costureira talentosa, fazia bolsas para vender na Feira da Sulanca, em Caruaru, no Agreste pernambucano.

Desde os tempos de menina, na zona rural de Caruaru, gostava de um bom jogo de dominó e baralho. “Minha avó ficava brava, porque quando lhe pedia que varresse a casa, ela varria um quarto e já parava para jogar”, conta Luciana. Apaixonada pelos irmãos e pela mãe, já falecida, era chamada também de mãe pelos três netos.

As mãos de dona Maria Lourdes eram habilidosas para a costura e também para a culinária, era especialista em preparar galinha, não esses frangos congelados, galinha mesmo, criada solta no terreiro. Sua filha costumava dizer-lhe que o mundo perdera uma chef de cozinha.

Em 1998, sofreu um AVC que afetou sua mobilidade e fala e, desde então, travou muitas batalhas pela vida, sem nunca perder sua doçura característica. Passava os dias em seu sofazinho, de onde amava assistir às novelas e ver Roberto Carlos e Luan Santana, para quem sempre fazia coração com as mãos, quando os via na televisão.

Maria nasceu em Caruaru (PE) e faleceu em Recife (PE), aos 75 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Maria, Luciana Cristina da Silva. Este tributo foi apurado por -, editado por Rita de Cássia de Almeida Souza, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 8 de junho de 2021.