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Maria Luz de Castro

1919 - 2020

Foram 100 anos de luz, lar, cartas guardadas e crochê.

Maria Luz de Castro, primeiro, era uma mulher de saudades. Quando mais nova, adorava ler e guardar as cartas que seu marido, Augusto, enviava enquanto estava a trabalho. Era a linguagem dos dois, as minúcias de um relacionamento, que se deitam há anos nas gavetas de casa, com todo o carinho do mundo.

Teve coragem também para ser mãe e educar. Os filhos Fernando, Valderi, Augusta, Lúcia, Janari e Mac Henrique tiveram nela o espelho de quem não se pode desistir. O primeiro nasceu quando ela ainda era jovem; o último, quando estava à beira dos 50. Amou e criou a todos.

Onde estava, era chamada de Da Luz. Era sincera, sofria em silêncio. Poderia ser historiadora de dinheiro, quem sabe, com todas aquelas notas antigas guardadas dentro de casa. Poderia ser o que quisesse. Era habilidosa no crochê e na costura também.

Ao se despedir, Da Luz repetiu o que sempre disse a todos os filhos: “Deus os abençoe”.

Maria nasceu em Itapipoca (CE) e faleceu em Fortaleza (CE), aos 100 anos, vítima do novo coronavírus.

Jornalista desta história Josué Seixas, em 20 de julho de 2020.