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Maria Luzinete Guajajara

1922 - 2020

Foi responsável por manter as tradições, a língua, os rituais e os saberes ancestrais vivos.

Sempre ensinou aos seus dois filhos, três netos, seis bisnetos e 18 tataranetos, as experiências e os saberes da cultura do povo Guajajara. Ela gostava de levantar cedo para começar a sua rotina, fazia um cafezinho e um mingau de tapioca e sempre esperava seus filhos e netos para partilhar aquela refeição. Gostava muito de açaí, de tomar suco de fruta e de preparar o pirá moqueado. Ela nem sequer tomava um refrigerante ou bebida alcoólica e não consumia qualquer tipo de alimento industrializado.

Morava às margens do Rio Pindaré, na Aldeia Piçarra Preta, em Bom Jardim, no estado do Maranhão. Era uma mulher calma e sensível, que se expressava com toda serenidade. Tinha aprendido a confeccionar artesanatos com seus pais. Aproveitava seu tempo para contar histórias e estava sempre preocupada em manter as tradições, rituais e saberes ancestrais. Assim, ensinou ao seu neto, Genilson Guajajara, todo seu legado e os ensinamentos medicinais. “Agradeço por fazer parte de sua existência. Ela representava a luta e sabedoria milenar de um povo, diz Genilson.”

Ela foi e sempre será uma liderança feminina muito respeitada na Aldeia Piçarra Preta.

Maria nasceu no Maranhão e faleceu no Maranhão, aos 98 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pelo neto de Maria, Genilson Guajajara. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Elaine Leme, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 26 de junho de 2020.