1954 - 2021
Fez história com os quitutes de sua famosa lanchonete, saciando a fome de toda gente de Acopiara.
Necy foi uma menina simples que veio da zona rural, mais precisamente do Sítio Monte Belo, e se casou aos 16 anos para poder sair de lá, em 1970.
Foi feirante e depois se tornou comerciante quando, com muito sacrifício, montou sua própria lanchonete, a famosa Bigbom, que existiu de 1971 até 2014 e ficava atrás da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro.
Por ali passaram muitas gerações e não há, em sua cidade, quem não se lembre dos seus sucos de graviola, maracujá com leite, abacaxi com hortelã (quando isso nem era moda), acerola - sabores que fizeram fama - dos caldos de carne e mocotó, das paneladas, da galinha caipira, do mole mole e o famoso pastel da Necy, demonstrando a boa quituteira que ela era.
Generosa, ela usava seu espaço de trabalho para acolher moradores de rua, pessoas humildes que pediam esmolas e muitos chegavam a chamá-la de mãe. Era ali que comiam a única refeição do dia.
Acolhedora e empática, procurava saber a história de vida de cada um e, quando necessário, comprava rede de dormir, toalha, lençol e filtro de barro para que a pessoa tivesse acesso à água potável e o mínimo de higiene.
A filha Andrelina conta como Necy se tornou uma pessoa muito estimada onde morava: “Mamãe foi uma mulher muito caridosa e sua luta era não ver ninguém passando fome. Era muito querida na pequena cidade de Acopiara, com cerca de 60 mil habitantes. As pessoas relatavam que mamãe era luz na vida delas.
No seu sepultamento, ela recebeu inúmeras homenagens nas rádios, Internet e por meio de coroas e ramalhetes enviados para o cortejo... a senhora da floricultura da cidade mandou buscar flores na cidade vizinha, pois havia acabado o estoque; ela até contou pra nós que muitas famílias não enviaram flores porque não havia mais.”
E conclui sua homenagem, dizendo: “ela teve uma vida muito árdua, mas o sorriso no rosto era a marca registrada dela. Deixou dois filhos e quatro netos.”
Maria nasceu em Acopiara (CE) e faleceu em Iguatu (CE), aos 66 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela filha de Maria, Andrelina Queiroz Calixto. Este tributo foi apurado por -, editado por Vera Dias, revisado por Bettina Florenzano e moderado por Rayane Urani em 30 de junho de 2023.