Sobre o Inumeráveis

Maria Sônia da Silva de Sousa

1951 - 2020

Amava ajudar e desfrutar suas paixões: a enfermagem, a família, festas e bolos.

Mulher guerreira, viveu para se dedicar ao trabalho. Servidora do estado do Ceará, aos 69 anos, a técnica de enfermagem Maria Sônia tinha prazer em exercer seu ofício. E entre macas, muitos equipamentos de segurança e crianças para amenizar a tristeza, trabalhou até os últimos dias de vida no Hospital Infantil Albert Sabin, em Fortaleza.

Esposa do César, mãe da Carla Cristiane e do Juliano Cesar e avó do Victor, Maria Sônia era muito dedicada à família e apaixonada pelos filhos e neto.

Sua mãezinha Alaíde também era testemunha de tanto zelo e carinho. Maria Sônia cuidou da mãe, que também contraiu Covid, sem desistir um só minuto. No dia da partida de Dona Alaíde, a filha começou a sentir os sintomas.

Maria Sônia nunca deixou de estender a mão a quem precisasse. Sua filha Carla Cristiane é quem conta, muito emocionada, que a mãe tinha um coração enorme e amava ajudar o próximo. Sem conseguir segurar as lágrimas, sua filha relata: "Quantas vezes minha mãe encaminhou crianças de rua para serem tratadas no hospital em que trabalhava."

Essa batalhadora, que deixa tanta lembrança bonita, sonhava com a merecida aposentadoria. E planejava viajar e aproveitar a vida um pouco, já que não tinha tempo em sua luta diária. Sonhos interrompidos ou uma mudança de planos sem a sua escolha, que deixa toda a família com saudades imensas.

Era ela quem gostava da tarefa de organizar as festas comemorativas. Não tinha Natal, Dia das Mães ou qualquer festa sem a marca característica dela, como conta a sobrinha Jamila Greice. E complementa: "tudo feito com muito amor."

A sobrinha ainda entrega umas características inesquecíveis da tia: "Sim, ela possuía um defeito: era estressada... gostava de reclamar. Mas ainda assim, conseguia ser um amor de pessoa, prestativa, agradava de crianças a idosos... Uma querida!"

Jamila cita ainda duas memórias que sempre a farão lembrar da tia: uma música que ela adorava, chamada "Sábado", cantada por José Augusto. E os bolos que ela, apesar de ser diabética, tinha imenso prazer em comer.

Por fim, despede-se a sobrinha com palavras carinhosas: "Tivemos ótimos momentos e sempre terei as melhores lembranças da minha tia, como eu pedindo sua benção e ela sorridente me abençoando. Esse sorriso era uma constante em seu semblante. Agora restarão a saudade e a certeza de que ela está em paz."

Não só em paz, como decerto organizando alguma festa com sua mãe e com Jônia Suelly, sua cunhada e comadre, que foi ao encontro delas quase dois meses depois, vítima do mesmo vírus.

Há uma homenagem também aqui no Memorial Inumeráveis, para a Sra. Alaíde Gonzaga de Sousa, mãe de Maria Sônia, que faleceu 13 dias antes dela, igualmente de Covid-19.

Maria nasceu em Fortaleza (CE) e faleceu em Fortaleza (CE), aos 69 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela sobrinha de Maria, Jamilla Greice de Sousa Souto. Este tributo foi apurado por Samara Lopes, editado por Denise Pereira, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 12 de setembro de 2020.