1960 - 2021
Uma empreendedora cheia de amor, que realizou todos os seus sonhos.
Trindade foi uma mulher que soube fazer uso da palavra viver, fez isso como ninguém. Batalhadora e forte, não tinha medo de enfrentar desafios.
De sorriso fácil e olhinhos apertados, nunca demonstrava as dificuldades da vida. Sempre confiante em Deus, acreditava que tudo daria certo, e dava. Trindade tinha um coração bom, naturalmente bom... Sem esforço, fazia o bem para qualquer pessoa e em qualquer momento ─ essa era sua forte marca pessoal: a bondade.
A família enxergava nela a pessoa capaz de resolver qualquer problema, fosse ele qual fosse. "Era uma mulher de muita fé e sempre que queríamos algo, pedíamos para ela rezar e pedir a Deus, pois sabíamos que Ele iria escutar e atender esses pedidos", relembra a filha Tarciana.
Amava estar com a família: a irmã Carolina, as filhas Socorro e Tarciana, os netos de coração Evelyn, Erick e Erisson e seu genro Alexandre. Para a família, ela foi mãe, filha, irmã, avó, sogra, tia, prima amorosa e, sobretudo, um porto seguro.
Com sua capacidade e disposição para resolver os maiores problemas, ela transmitia confiança, força e fé para todos. "Foi exemplo de como ser cristã e, sobretudo, um exemplo de ser humano que iremos levar dentro do coração para sempre", diz a filha.
Para as filhas, a certeza de ter criado duas mulheres de fibra, caráter e respeito. Ela conseguiu desfrutar de grandes conquistas de suas meninas, com muita dificuldade, mas nunca com dúvida, porque sempre acreditou: "Deus nunca nos abandona".
Cativou muitos amigos... Cativar era também fácil para ela, pois soube conviver. Era sinônimo de apoio, carinho e também de segunda mãe para muitas pessoas.
Era uma empreendedora nata! Quando um prédio começou a ser construído na frente de sua casa, em vez de reclamar das inconveniências de um grande empreendimento, Trindade arregaçou as mangas e abriu uma lanchonete para atender os trabalhadores da obra. Uma prima ajudava com as louças e, em uma conversa informal entre as duas, ela revelou seu maior sonho, dizendo: "Nega, um dia eu ainda vou conhecer esse Brasil viajando".
O começo da realização do sonho também veio através de sua veia empreendedora. Partiu de um de seus trabalhos na paróquia que frequentava e onde ajudava com a ordenação de padres. Ali, enxergou uma grande possibilidade e fundou uma empresa de turismo religioso. Por meio desse serviço, realizou o sonho de muitas pessoas e também o próprio. Conheceu inúmeras cidades do Brasil e até fora do país, e foi feliz em cada lugar, extremamente feliz.
Trindade era uma pessoa complexa no trabalho. O calendário de turismo era lançado anualmente e ela poderia se organizar para realizar a venda dos pacotes; porém, deixava para realizar essas vendas sempre próximo das viagens e assim a vida ficava corrida. Não adiantava a filha caçula sugerir algo como: "Mãe, segue uma organização; faz uma meta diária pra não ficar tudo pra última hora...", pois o que Trindade gostava mesmo era de muita, muita emoção, e então respondia: "Não se preocupe, porque Deus vai me ajudar".
"Sua relação com Deus era tão inexplicável que sempre dava certo. Acho que Ele sempre olhava para ela e dizia: 'Você novamente por aqui, Trindade?', e no final das contas dava tudo certo!", conta Tarciana.
Tinha a terrível mania de comer o que não podia: seu cardápio era recheado de carneiro ao molho com pirão, refrigerantes, "milk-shakes" e uma boa canja de galinha.
Era uma pessoa simples, mas sempre com sonhos para realizar e realizou inúmeros. Não tinha uma escolaridade tão avançada. Porém, conseguiu ver com muito orgulho o caminhar da caçula desde que passou no vestibular nas Universidades Estadual e Federal do Ceará até se formar como uma das melhores da turma e ainda com mestrado e doutorado. Sua menina foi a primeira pessoa da família a conquistar todos esses títulos.
A primogênita, Socorro, preferiu não seguir o caminho acadêmico: para alegria e orgulho de Trindade, é ela quem cuida de uma das tias maternas. "Costumamos dizer que Socorro virou a mãe da tia Carolina. E esse foi o último pedido de minha mãe em vida: 'Cuida da Carolina'", conta Tarciana.
Depois de sua partida, começamos a enxergar o que Deus havia proposto para a vida de Trindade e entendemos que todos nós chegamos neste mundo com um propósito. Trindade é como aquelas pessoas especiais que rapidamente cumpriu o seu propósito, e Deus a levou para junto d'Ele, porque, neste momento, ela era mais importante lá no Céu, para acolher com seu amor e carinho imensuráveis aquelas pessoas que chegaram de forma tão repentina durante a pandemia.
"Sentimos a presença dela constantemente entre nós. Sabemos que ela foge do Céu inúmeras vezes e vem nos visitar sempre", conta a filha.
"Te amamos muito, chega até a doer, Trindade, como você mesmo dizia. Muito obrigada por todos os momentos que você nos presenteou com sua vida. A única certeza que temos hoje é que você está ao lado de Deus", finaliza Tarciana, com carinho.
Maria nasceu em Pio IX (PI) e faleceu em Fortaleza (CE), aos 60 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Maria, Maria Tarciana Vieira Fortaleza. Este texto foi apurado e escrito por Lígia Franzin, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 20 de setembro de 2022.