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Marília Inês Speggiorin Celiberto

1939 - 2021

Apaixonada pela educação e saúde mental, sempre buscava resgatar o melhor de cada um através do aprendizado.

Ser a mais velha de sete irmãos obriga qualquer uma a ter muito o que ensinar. Para Marília, no entanto, o caminho da educação foi uma escolha.

Quando iniciou sua formação como pedagoga nos anos 60, atuando nas escolas Pequena Casa da Criança, Leopoldo Tietböhl e Instituto de Educação, não imaginava que seu período de maior contentamento seria a aposentadoria. Apaixonada pela área de saúde mental, criou a clínica pedagógica da Pensão Pública Protegida Nova Vida, o primeiro residencial terapêutico público de Porto Alegre. Lá auxiliou os moradores a voltarem a se encantar pela leitura e pela escrita, incentivando-os a escrever as próprias histórias e participar de supletivos e vestibulares, um resgate da cidadania e individualidade.

Seu trabalho de maior reconhecimento foi ao lado do ambulatório infantil do Hospital Psiquiátrico São Pedro, o que não seria surpresa para uma mulher que atendia voluntariamente as crianças da vizinhança. Era tão apaixonada pelo que fazia que, aos 76 anos, passou a integrar a ONG Parceiros Voluntários, visitando escolas para contar histórias e ajudar as crianças com tarefas de casa.

Âncora da família, fã de música italiana, de um senso de humor perspicaz, era tida por muitos sobrinhos e amigos como uma “segunda mãe”.

Marília deixa duas filhas, Ana Paula e Lucia Helena, fruto de uma relação de grande amor de mais de quatro décadas com o engenheiro civil Genaro Celiberto; o genro Marcelo; duas netas, Laura e Lívia, que nunca cansou de dizer que eram a doçura de sua velhice; os irmãos Carlos Alberto, Maria Helena, Vera Beatriz, Tales Roberto e Lorena, bem como os familiares que tanto prezava das famílias Cruz, Speggiorin e Celiberto.

Os inúmeros amigos, preferia não classificar, pois eram amigos da vida. Sempre ativa nos grupos, o maior orgulho que teve durante a pandemia não era de ter ensinado, mas sim de ter aprendido: sabia fazer reuniões por vídeo com todos eles.

Valorizou o que de saudável cada ser humano à sua volta possuía e será eternamente reverenciada pelos familiares e amigos, aos quais dedicava, diariamente, seu tempo e conselhos.

Marília nasceu em Guaporé (RS) e faleceu em Porto Alegre (RS), aos 82 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Marília, Lucia Helena Speggiorin Celiberto. Este tributo foi apurado por Larissa Reis, editado por Luíza Victorino, revisado por Paola Mariz e moderado por Rayane Urani em 4 de junho de 2021.