Marlucia Moura de Souza

1959 - 2020

Uma pessoa que vivia com os ouvidos, coração e braços sempre abertos.

Dona Marlucia, Pautinha para os familiares, tem uma história de muita superação. Perdeu a mãe aos 29 anos de idade e na sequência perdeu irmã, irmãos e pai. Contudo, nunca perdeu o otimismo. Fez um pacto com a alegria de viver e com a determinação.

Ao completar 30 anos, casou-se com seu José Fernandes. Passou a vida toda com ele e teve uma filha, Ticiana, alvo de todas as atenções, carinhos e, segundo a própria, mimos. As duas eram unha e carne. Tinham aquela conexão que só as almas gêmeas alcançam.

Animada e divertida, Marlucia foi o pilar da família. Resolvia qualquer questão sem reclamar. Pelo contrário, gostava muito de ter o que resolver. Independente, trabalhou nos serviços gerais de uma escola e nunca precisou pedir nada a ninguém.

Era mãezona para a família inteira. Os sobrinhos, filhos de suas irmãs, não a viam como tia, mas como mãe, assim como as amigas de Ticiana. Estava sempre disposta oferecer o ombro, repositório de muitas lágrimas, e um conselho a qualquer momento. É como diz o ditado: para ela, não tinha tempo ruim.

Seus olhos eram verdes como o mar (ok, há uma corrente que diz ser o mar azul, mas ninguém jamais chegou a um consenso), o que nos leva à casa da praia. Ali era onde mais gostava de estar, seu cantinho preferido do mundo. Entrava na piscina primeiro do que todos e era a última a sair. Lá, sua criança interior assumia o controle.

Passou 27 dias na UTI, fazendo o que sempre fez: lutando. Mas, desta vez, não conseguiu vencer. Deixa uma saudade pungente no peito de todos que a amavam, o que não é pouca gente.

Dona Marlucia está mais perto de Deus. Quem sabe possa perguntar a Ele se, afinal, o mar é azul ou verde como seus olhos.