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Mauricio de Almeida Santos

1977 - 2020

Apaixonado por bichos, cuidava deles como humanos e levava até ração no carro para alimentar os cães de rua.

Conhecido como Maumau, o instrutor de armamento e tiro bem podia se chamar "Bom-ricio", conforme brincava um amigo da época do quartel.

O marido de Lívia era um homem extremamente generoso, do tipo que sempre mantinha alguns quilos de ração no porta-malas do carro, para o caso de encontrar cães abandonados e poder alimentá-los.

Quando tinha a oportunidade, brincava com os animais de rua, fosse um cão, um cavalo, um porco ou um sapinho.

"Ele queria tocá-los, dar água, alimentá-los e, se dessem confiança, brincava com eles", conta Lívia.

O casal não teve filhos humanos, como ela diz, mas Mauricio deixou nove crias que a salvam diariamente: três cães, dois gatos e quatro tartarugas. "Fora os micos que aparecem todos os dias cobrando as suas bananas", ela completa.

Além da paixão pelos bichos, Maumau gostava de ir à praia e passear sem rumo de moto. Mas era em casa que passava seus momentos preferidos, deitado na rede ou no sofá e cuidando dos animais de estimação.

Enquanto esteve internado, a esposa, a irmã e os amigos criaram juntos uma corrente em prol da sua recuperação. Lívia até acredita que, entre os amigos, talvez o marido nem imaginasse que fosse tão querido e amado: "Eu estava doida pra contar pra ele, quando voltasse pra casa, e guardava todas as dezenas de mensagens de carinho que recebia ". Para completar, ela revela na sequência: "Foi uma comoção imensa quando ele partiu".

Para Lívia, Maurício gostaria de ser lembrado por seu bom humor, sagacidade, inteligência e sinceridade. Tinha muitas frases de efeito e dentre elas a mais emblemática era: "Quem quer dá um jeito, quem não quer dá uma desculpa."

Ela relembra, entre risos, que, com o humor estranho de um bom sagitariano, o marido brincou, dias antes de piorar e ser internado, que iria morrer em casa porque era lá que ele mais amava estar.

Mauricio nasceu em Niterói (RJ) e faleceu em Saquarema (RJ), aos 42 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela esposa de Mauricio, Lívia Vilaça Santos. Este tributo foi apurado por Mateus Teixeira, editado por Mariana Quartucci, revisado por Lícia Zanol e moderado por Rayane Urani em 26 de novembro de 2020.