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Miguel Alves da Silva

1948 - 2020

O otimista "taxista camarão" sempre dava um jeito de solucionar os mais intrincados problemas.

Miguel foi uma espécie de anjo da alegria. Por onde passasse e independentemente do que acontecia, ele era pura felicidade.

E de tanto irradiar alegria, em Quixeramobim, no Ceará, cidade onde viveu uma etapa de sua vida, foi ficando conhecido e admirado por muita gente. É que Miguel era taxista. Nas incontáveis viagens que fez, sem se esforçar, tornava o trajeto de quem entrava em seu carro mais leve e alegre. Nas conversas que aconteciam durante o trajeto, ele ouvia com atenção o que diziam os passageiros e tinha sempre palavras que acolhiam aquilo que diziam. Na boca do povo, passou a ser chamado de “taxista camarão”.

No cotidiano, a alegria tinha sempre como companheiro um otimismo à prova de quase tudo. Se não funcionava, consertar. Se dava errado, refazer. Se estivesse difícil, paciência. Se fosse necessário, realizar com alegria. Desanimar, jamais. E assim, com seus modos e estratégias, encontrava alguma maneira de se relacionar com o que a vida oferecesse ou cobrasse.

No doméstico da vida, cuidou com zelo de todos os familiares, da esposa, das filhas e da netinha.
Nada do que Miguel percebia que podia fazer para dar conforto e encanto à vida dos de casa ficava para depois. Ele percebia, imaginava um modo de fazer acontecer e realizava. O resultado eram sorrisos e alegrias.

Miguel segue vivo na lembrança do sorriso que ele sempre ostentava no rosto. E no amor guardado no coração da memória daqueles que amou e o amaram.

Miguel nasceu em Cruz do Espírito Santo (PB) e faleceu em Recife (PE), aos 72 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Miguel, Keyla Rafaela Oliveira da Silva. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Ernesto Marques, revisado por Bettina Florenzano e moderado por Ana Macarini em 16 de novembro de 2023.