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Moacir Antonio Cemin

1962 - 2021

Organizava churrascos e idas ao estádio, sempre cercado por sua família, para ver jogar o seu time do coração.

Conheceu Kátia Regina em uma pista de patinação quando ainda eram adolescentes, apaixonaram-se e depois se casaram, permanecendo juntos por 34 anos, numa história que durou 41. Tiveram os filhos: Henrique e Gustavo e uma neta, chamada Cecília. Foi um pai muito companheiro dos filhos, gostava de tê-los sempre por perto em passeios, viagens e confraternizações.

Kátia conta o quanto ele ficou feliz ao saber que seria avô: “Quando o Moacir soube que ia ser avô, passou até mal de emoção, ficou realizado, pois era um sonho seu. Durante os meses que pôde curtir a gravidez junto de Ingrid e de seu filho Henrique, sua alegria era contar, a todos os conhecidos, que iria ser avô de Cecília. Encomendou com um amigo uma placa com o nome da neta, que está na porta do quartinho dela, e que foi presenteado no último almoço que tivemos em família. Neste dia foi seu aniversário de 59 anos e ele já estava fazendo planos para a festa de 60 anos. Um mês depois faleceu, sem poder conhecer a Cecília, que tanto queria”.

Entretanto, durante a gravidez da nora, pôde sentir um pouco a emoção de ser avô. No início da pandemia, Ingrid e o filho Henrique acolheram um bebê do programa Família Acolhedora. Como relata Kátia: "Foi uma experiência linda, intensa e transformadora! A família toda se comprometeu com os cuidados e o afeto com a criança, que se tornou parte daquele núcleo familiar por longos meses. Neste tempo, pudemos ter a certeza de que Moacir seria o melhor avô do mundo. Da mesma forma, Henrique revelou seu lado paternal, e Moacir pôde comprovar que o filho viria a se tornar um excelente pai para a Cecília".

Trabalhava como profissional na área de representação comercial vendendo máquinas injetoras de plástico. Tinha paixão pelo que fazia e o fazia muito bem. Nas empresas que visitava era recebido não como um simples vendedor, mas como um amigo querido até pelos concorrentes, algo muito raro de acontecer.

Moacir era muito ligado ao futebol e torcia com paixão pelo time da cidade, o S.E.R Caxias e para o Flamengo, do Rio de Janeiro e, no dia em que foi ao Maracanã juntamente com a família para assistir a um jogo do clube, realizou um de seus mais esperados sonhos e experimentou uma de suas maiores alegrias.

Dia de jogo para ele era sagrado. Não faltava a esses eventos em sua cidade, sempre acompanhado da família. Antes das partidas, organizava churrascos para todos e, uma vez no estádio, ficava sempre no mesmo lugar com o radinho grudado na orelha.

Ao final de cada jogo, dependendo do resultado, tinha a frase de sempre “Larguei de mão, não venho mais assistir esse time”, mas no próximo jogo estava lá de novo em seu lugar.

“Um marido e pai atento e carinhoso, sempre preocupado com todos, tentava resolver tudo. Adorava uma praia com os filhos e organizava tudo do jeito dele. Era muito apressado, tão apressado que faleceu cedo, pouco antes da primeira e tão esperada neta nascer”, conta Kátia, que continua falando dos gostos, planos e legado do marido:

“Churrasco e massas eram suas comidas favoritas. Estava fazendo planos para diminuir o ritmo de trabalho, comprar uma casa na praia e passar os finais de semana com os filhos, nora e neta”.

“O maior legado que Moacir deixou foi o cuidado e a dedicação à família. Não media esforços para nosso conforto, bem-estar e realizações”, ela conclui.

Moacir nasceu em Caxias do Sul (RS) e faleceu em Caxias do Sul (RS), aos 59 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela esposa de Moacir, Kátia Regina Baldissera Cemin. Este tributo foi apurado por Andressa Vieira, editado por Vera Dias, revisado por Bettina Florenzano e moderado por Ana Macarini em 14 de setembro de 2023.