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Nair Monteiro Gomes

1953 - 2020

Vaidosa em seus vestidos coloridos, ajudava a todos e alegrava-se ao falar da família e dos amigos.

Era uma pessoa humilde, de bom coração e muita fé. Keila nos conta que a mãe era uma mulher batalhadora. Nunca desistiu da vida e com muito sacrifício criou sozinha os cinco filhos: André, Renan, Moacir, Keila e Karla. E o sorriso não saía do rosto, "parecia que nunca sofria", diz Keila.

Nair trabalhava como auxiliar de serviços gerais em um terminal rodoviário em Santana, no Amapá. Era muito querida de todos, porque para ela não tinha tempo ruim. Estava sempre disposta a ajudar, a dar o ombro de consolo.

Aprendeu a amar com a devoção. Devota de Nossa Senhora de Nazaré, era presença certa no Círio todos os anos. Participava como guarda da berlinda, a corda que conduz a imagem da santa. Era sua maneira protetora de viver com sua família e sua fé.

"Minha mãe cozinhava muito bem", relata Keila, mas a paixão dela era açaí com camarão, "prato que não pode faltar na mesa do amapaense." Gostava de reunir a família toda para comer junto aos domingos. Filhos, netos: eram a vida dela.

"Era uma baixinha linda de se ver", relembra Keila. "Corajosa, guerreira! E vaidosa. A cabeça já grisalha nunca ficava sem tintura, e sempre com um pouco de batom e um pozinho no rosto. Parece que estou vendo minha mãe com seus vestidos coloridos sempre pronta pra mais um dia de batalha. Nunca vai existir ninguém igual a ela. E nós nunca mais seremos os mesmos sem ela e sem meu irmão André, que se foi também pela covid-19 pouco tempo depois dela."

Nair nasceu em Afuá (PA) e faleceu em Santana (AP), aos 64 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Nair, Keila Monteiro Gomes. Este tributo foi apurado por Sandra Maia, editado por Sandra Maia, revisado por Paola Mariz e moderado por Rayane Urani em 14 de novembro de 2020.