1964 - 2020
Os conselhos e a companhia dela eram mais doces que o mel.
Uma mulher que refletia o que habitava dentro dela: doçura, bondade e fé. Entre muitas outras minúcias de Neide, esses atributos definiam bem quem era a costureira habilidosa por trás dos jalecos, lençóis, pijamas para idosos e todo o enxoval hospitalar que ela produzia. Foram essas as mesmas virtudes que prevaleceram durante os quarenta e três anos de união com Hermenegildo Sanches, um encontro que gerou três heranças: Rodrigo, Luiz Henrique e Maira.
Neide teve um casamento admirável, muito representativo tanto para os filhos quanto para outros casais que iam até eles em busca de conselhos. “Nunca vi meus pais brigarem ou discordarem. Um tipo de casamento que a gente olha e fala: ‘Quero pra mim!’. Não havia desrespeito, mas sim companheirismo, pareciam que eram um só, pois sempre estavam juntos. Era amor transbordando em casa”, destaca Maira.
Além do relacionamento com a família, outro aspecto ímpar que marcou a existência de Neide foi a sua fé. “Foi a pessoa que teve a fé mais inabalável que conheci nesse mundo; ela respirava e exalava fé”, conta Maira. Era Católica e sempre se envolveu com a igreja em posições de liderança, tanto que foi líder de casais junto com o marido.
O sorriso estampado no rosto talvez fosse o ingrediente secreto que Neide possuía para conduzir e conciliar com tanto êxito — apesar das adversidades — tanto a família, quanto a profissão e a ajuda que oferecia aos outros. Sabe aquele sorriso deslumbrante e um bom humor inexplicável ao acordar pela manhã? Ela era dona dessa energia, que chegava a causar estranheza em casa, porque, afinal, não é para todos dispor dessa alegria contagiante logo ao acordar.
Mas Neide era assim: sem retoques, disfarces ou constrangimentos. Era quem usava salto alto até para ir à padaria, que se perfumava toda e amava usar preto — para poder abusar dos acessórios logo em seguida. Neide sem uma joia deslumbrante, não era Neide.
Amava assistir documentários, especialmente sobre florestas. Depois de entrar na piscina do clube — que, por gosto dela, iria todo final de semana — ninguém conseguia tirá-la de lá, e até comida tinham que levar na beira da piscina para alimentar o peixe que Neide parecia ter se transformado.
Era por ela que todos da família procuravam, porque sabiam que, até através de uma bronca, encontrariam palavras afáveis por parte dela. Um grande exemplo de amor a ser espelhado por todos que com ela conviveram.
Permanecerá eterna, não importa quanto tempo passe!
Neide nasceu em Bandeirantes (PR) e faleceu em Cornélio Procópio (PR), aos 56 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Neide, Maira Cristina Sanches. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Júllia Cássia, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 22 de outubro de 2020.