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Nilceia Ferreira

1968 - 2021

Sempre alto astral, amava jogar uma conversa fora sobre qualquer assunto. Desde garotinha já falava pelos cotovelos!

Nilceia fora uma mulher simples e batalhadora. De gênio forte, igual ao pai. Era muito carinhosa também, com um coração gigante, que não cabia dentro de si. Uma pessoa incrível, extraordinária, e querida por todos que tiveram o privilégio de conhecê-la. Era praticamente impossível não a amar imediatamente após ouvir sua risada contagiante, ou sentir a alegria que exalava dela.

Sempre alto astral, ela amava conversar e o fazia com todas as suas forças. Nilceia era ótima de papo, do tipo que amava jogar uma conversa fora sobre qualquer assunto. Desde garotinha já falava pelos cotovelos!

A família morava em Salto do Itararé, no norte do Paraná. Na pequena cidadezinha interiorana onde todos se conheciam, Nilceia cresceu e foi admirada e amada por ser quem ela era. Humilde, nunca esqueceu suas origens, a vida difícil que tiveram, ela e os irmãos começaram a trabalhar muito cedo em lavouras de café e feijão. Nessa época, a diversão dos irmãos era se reunir aos finais de semana em um campo de futebol que tinha por lá, para conversarem até tarde. A mais travessa entre eles, em suas aventuras Nilceia fugia de casa só para encontrar as amigas e fofocar junto delas.

Nilceia perdeu a mãe em sua infância. E mesmo com sua vida fora dos eixos, ela não perdeu a alegria que a acompanhava desde que nasceu. Passaram-se os anos e ela se casou com o Ademir, construiu sua família e teve 3 filhos lindos: Douglas, Michelle e Fabiana. Nilceia também foi quem escolheu o nome de sua irmãzinha Leandra, com toda felicidade. Sempre foi presente na infância da irmã e seu pai adorava comparar as duas, pois eram muito parecidas no jeito de ser e ver o mundo. Ela também era uma avó muuuuuito coruja! Amava tanto Gabrielly e Vitor Hugo que não havia nada no mundo que não faria por eles. Vitor, inclusive, morava com ela para que sua mãe pudesse trabalhar.

Vivia no sítio e sua casa era muito limpa, com um chão de madeira tão brilhante que era possível ver seu próprio rosto refletido. Era simplesmente a coisa mais linda, diz Leandra. Todos amavam ir para lá, afinal, aquela era a casinha mais aconchegante e arrumadinha, cuidada com um amor e carinho que eram sua especialidade. Organizada, sentia prazer em ver tudo em seu devido lugar. Ela também era uma cozinheira de mão cheia, fazia um frango caipira de dar água na boca! Foi merendeira em uma escola e conquistou os alunos pelo estômago durante muito tempo, antes de ir para a cidade e conquistar os funcionários do posto de saúde pelo seu café cheiroso e saboroso. Ela limpava o postinho e se divertia com todo mundo enquanto plantava simpatia e colhia sorrisos. Gostava de estar ali, e ficou até quase se aposentar, onde podia ajudar pessoas com muita dedicação e amor.

Nilceia era mãe, avó, esposa, irmã, tia. Era o amor de muitas pessoas e jamais será apenas um número. Estará sempre viva na memória e nos corações dos que ficaram por aqui. Não será esquecida.

Nilceia nasceu em Salto do Itararé (PR) e faleceu em Santo Antônio da Platina (PR), aos 52 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela irmã de Nilceia, Leandra Maria Leal. Este texto foi apurado e escrito por Letícia Virgínia da Silva, revisado por Acácia Montagnolli e moderado por Rayane Urani em 13 de maio de 2021.