1942 - 2021
A pequena menina dos banhos de rio na floresta, tornou-se a Mãe Dora, conhecida por sua força e roupas coloridas.
Das lembranças da infância, Nilda não se esquecia dos bons momentos no sítio do avô, no extremo de Cruzeiro do Sul, no Acre, onde vivia. Dizia que moravam na floresta, num casarão de madeira, que chamava de barracão. O barracão que tão bem acolhia a família toda, os pais e os nove irmãos.
A fartura da floresta, banhada pelos Rios Juruá e Moá, fazia de Nilda uma criança que gostava de brincar no rio, andar de canoa e explorar a floresta. Tinha intimidade com a terra e com os animais criados pelo avô. Os primeiros moradores desta terra foram seus ancestrais; talvez por isso, lembrasse com afeto quando alguns indígenas apareciam enfeitados na casa de seu pai, para buscar um boi ou um porco para se alimentarem.
Dos rumos que levaram a família para Manaus, a parceria com a irmã Renilde, seria o que de mais belo conseguiu conservar. Dizia como a irmã cuidava dela e estava presente em todos os momentos. De mãos ou braços dados viviam juntas, o que rendeu algumas aventuras partilhadas e a esperança de transpor as dificuldades.
Sair de Manaus para Fortaleza também trazia para Nilda uma outra mudança, o desejo de ser chamada de Auxiliadora. A mudança informal do nome, tornou-a conhecida como Mãe Dora, assim chamada pelos netos e por todos que a conheciam. Mãe Dora era uma mulher forte, que gostava de festas, de se divertir, de estar com pessoas.
Com seu companheiro teve três filhos: Anahí - Bela Flor do Céu em Tupi-Guarani -, Max e Vartan. O nascimento dos netos fez com que Mãe Dora e Anahí se tornassem ainda mais companheiras.
Gostava tanto de cantar que dizia que deveria ter sido cantora. A neta lembra, quando a chamou para fazerem exercícios juntas e elas mais riam do que se exercitavam. Nas fotos estava sempre sorrindo, rodeada de pessoas, fantasiada ou não, amava roupas coloridas e não deixava de passar um batom. Essas eram suas marcas.
Nilda nasceu em Cruzeiro do Sul (AC) e faleceu em Fortaleza (CE), aos 79 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela neta de Nilda, Rasmik Boyadjian Gomes. Este tributo foi apurado por Dalva Chaves Pereira, editado por Dalva Chaves Pereira, revisado por Magaly Alves da Silva Martins e moderado por Rayane Urani em 20 de dezembro de 2021.