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Ninon Rose Amorim

1961 - 2020

Fazia o melhor pão caseiro, a melhor trufa de chocolate e o melhor gnocchi do mundo.

Ninon era tudo de mais incrível em uma só pessoa. Muito refinada, inteligente e extremamente talentosa, era completa em todos os sentidos.

Seus dons não eram poucos. Tinha o dom de curar pela escuta, pela psicologia... Tinha o dom de dançar com a leveza e a graça do ballet. Tinha o dom de encantar a todos com sua música ao piano. Tinha o dom de compreender a essência do ser humano pela filosofia. E, além de tudo isso, ainda cozinhava, costurava e pintava. Não tinha um problema para o qual ela não tivesse uma solução.

Desconfiava e questionava tudo o que lhe era imposto. Com um forte temperamento, seu amor pelos filhos e netos era imensurável. A família era seu tudo e, por esta, fazia o impossível.

Foi o amor da vida de Marcos Henrique. Foi mãe de Marcos Júnior, Vanessa e Felipe e avó de Liz, Enrico e Gabriel. Foi sogra e, até mesmo, segunda mãe de Manuella, Nathalia e Marcelo. Foi presença. Foi colo. Foi o mais puro amor.

E, como falar de Ninon sem lembrar-se do cheiro da sua comida vindo da cozinha, enquanto o restante da família assistia à "Two and a Half Man" na sala? Aguardavam, ansiosos pelo delicioso almoço de domingo. O licor, após as refeições, era certo, quando a conversa não tinha fim.

E, ah, o bolinho de chuva! Que delícia que era. Sempre caía bem num café de fim de tarde.

Sua casa tinha o aroma mais delicioso, o cheiro de carinho que aconchegava quem quer que fosse. Adorava encher a casa das flores mais bonitas, colhidas no jardim.

Os netos eram seu amor. Sempre inventava piqueniques para fazer com eles. Costumava dizer o quanto era feliz por estar plantando boas memórias nos pequenos. Cantava-lhes músicas infantis e adorava sentar no chão para brincar com eles. O sorriso de cada um era sua maior recompensa.

Ninon era assim. Receptiva, acolhedora e dedicada a todos que estavam ao seu redor. Era interessada em tudo. Amava dar voltas de carro, apenas para conversar sobre a vida.

Tanto ainda tinha para oferecer. Tanto ainda tinha para viver. Mas partiu, deixando um buraco na alma de quem a amava e a certeza de que jamais será esquecida, por toda luz que foi.

Ninon nasceu em Campinas (SP) e faleceu em Fortaleza (CE), aos 59 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pelas noras de Ninon. Este tributo foi apurado por Michelly Lelis, editado por Mariana Coelho, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 13 de junho de 2020.