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Noema Moreira de Paula

1962 - 2020

Apaixonada por Fuscas, era alegre e boa de papo. Tinha sempre mensagens positivas para todos.

A casa de Noema era um lugar onde sempre havia lugar para mais um. Todos eram recebidos com um bom papo e, nos finais de semana, ficava repleta de amigos. Era com muito prazer que ela vivia rodeada de gente e fazia novas amizades constantemente. Afinal, era uma mulher cheia de vida e, mesmo quando descobriu um câncer em 2019, continuou com suas fantásticas palavras de apoio e dizia sempre: "Vamos bater um papo?".

"Uma vez, ela estava fazendo café e, ao olhar pela janela percebeu que um homem havia pulado o muro e estava indo em direção à porta da cozinha. Ela reconheceu o intruso ─ era o Jair Rodrigues! O cantor chegou mais perto e disse: 'Moça, dá um gole desse cafezinho? É porque o cheiro está irresistível!'; assim, os dois passaram a tarde batendo papo", conta a sobrinha Tina.

Noema tinha uma paixão absurda por fuscas e era conhecida também pelo seu carisma. Fazia inúmeras amizades por onde passava, quer fosse guiando seu Fusca azul ou não. Tinha uma gargalhada alta e outra frase marcante sua era: "Ai, que legal!"

Como mulher guerreira que era, nunca passava aperto, dava sempre um jeitinho de ganhar dinheiro. "Enchia o Fusca de infláveis e ia para a beira da rodovia, onde montava uma barraca e vendia tudo!", conta Tina orgulhosa.

Ela não ficou para ver os filhos formados, faltou pouco. Mas conseguiu realizar um outro sonho: reformou um Fusca inteirinho e deixou para o neto Vitor.

Além dos amados filhos Paulo e Elaine; dos netos Vitor, Lara e Helena; dos irmãos Cleci, Nida, Sole e João; e dos muitos sobrinhos, Noema deixou saudades ao partir para a eternidade na primeira sexta-feira de agosto de 2020. Tina imagina que "talvez ela tenha ido num Fusca branco conversível, conduzido pelo príncipe Val, que partiu um ano antes para já ir deixando tudo organizado para a chegada da amada".

Noema nasceu em São Miguel do Oeste (SC) e faleceu em Cotia (SP), aos 58 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela sobrinha de Noema, Sandra Cristina de Paula Arruda (Tina). Este texto foi apurado e escrito por Lígia Franzin, revisado por Ana Macarini e moderado por Rayane Urani em 6 de março de 2021.