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Noemi Castilho Vilarubia

1971 - 2021

Suas gargalhadas ainda ecoam pela cozinha, caprichosamente enfeitada com galinhas d'angola.

O casamento de vinte e oito anos com seu Ezequiel deu a Noemi, ou simplesmente Nô, como era carinhosamente chamada, seus maiores tesouros: as filhas Bárbara e Beatriz.

Dona Noemi também era “mãe” dos gatos Theodoro e Tibúrcio e de centenas de alunos que passaram pela escola onde ela trabalhou como merendeira por dezessete anos.

Como lembra a filha Bárbara: “Todas as vezes que eu saía com ela, alguém falava: - 'Oi Nô, que saudades da sua comida!'”, referindo-se aos ex-alunos bem mais velhos que a própria filha.

Sua vida era cozinhar. Esse era seu ofício e seu hobby. O que ela mais gostava de fazer era pão caseiro, principalmente recheado. Para as filhas, era o melhor pão caseiro do mundo.

Sua cozinha era toda enfeitada com galinhas d'angola. Tinha galinha de todos os jeitos e para todos os gostos: de louça, nos panos de pratos, na toalha de mesa, na capa do fogão, na lixeira sobre a pia. Dona Noemi fazia questão de ir anualmente à Pedreira renovar sua decoração.

"Dona de um bom humor marcante, até em momentos inusitados, minha mãe fazia amizades por onde passava, até na fila do supermercado.", complementa Bárbara, com carinho.

“Até hoje não sei de onde ela tirava tantas piadas”, recorda. Nas reuniões de família, Nô era responsável por encher o ambiente de gargalhadas.

Noemi nasceu em Santo André (SP) e faleceu em Mogi Guaçu (SP), aos 49 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Noemi, Bárbara Castilho Vilarubia. Este tributo foi apurado por Andressa Vieira, editado por Danielle Lorencini Gazoni Rangel, revisado por Tatiani Baldo e moderado por Ana Macarini em 29 de maio de 2021.