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Osmar Braga

1969 - 2020

Homem de fé e dedicado em todas as funções que exercia.

No campo profissional, foi de tudo um pouco: de vendedor de bugigangas, alho, laranja até motorista de ambulância e condutor socorrista do SAMU.

Possuindo apenas a primeira fase do ensino fundamental (e ainda incompleto), prestou concurso público na prefeitura da cidade. Sua esposa, por engano, ainda lhe ensinou a matéria errada da prova. Mas quem disse que ele se abateu por isso? Ajoelhou-se, lá mesmo, na sala de prova, e pediu a Deus que, se fosse de Sua vontade, que lhe concedesse aquele serviço. E Deus realizou o seu pedido: Osmar foi aprovado em primeiro lugar!

Por vinte anos, exerceu sua profissão com excelência. Por onde se passa, se ouve o quão carinhoso e atencioso era com os pacientes. Ele era daqueles que se comovem facilmente com as histórias que carregava. Chegava em casa triste quando uma vida era perdida. Possuía empatia, sofria e sentia a dor do próximo.

No exercício de sua profissão, pregou o Evangelho a muitos. Seus companheiros de trabalho relatam que era fácil saber que ele estava chegando, pois o som dos louvores que cantava, chegava primeiro.

Dedicação também não faltou a Osmar no papel de pai de três filhos, de esposo, irmão e tio. Como pai, era amoroso, mesmo que, às vezes, o amor fosse em forma de cobrança ou daquelas chamadas de atenção, porque, é claro, queria o melhor para eles. Sempre aconselhou, mostrou o caminho a seguir e, acima de tudo, deixou exemplos de caráter e honestidade.

Os aniversários eram sagrados para ele. Esperava dar meia-noite ou, assim que chegasse do trabalho, pela manhã, fazia a maior algazarra para dar os parabéns.

Quando acordava ou chegava de um plantão pela manhã, fazia a maior barulheira! Se ele acordou, todos tinham que acordar! Batia portas, cantava, conversava com o cachorro, com a maritaca... Os filhos, pensavam "nossa, mas meu pai não me deixa dormir!", mas hoje, dariam tudo para serem acordados dessa maneira.

Como esposo, possuía um amor gigantesco e não se desgrudava da amada, sempre demonstrando carinho, sem hesitar.

Como irmão caçula dentre 16, todos os dias, nem que fosse uma mera ligação, não deixava de fazer para saber como cada um estava. Para ele, sagrados também eram os domingos: acordava cedo e ia fazer a sua "via sacra", como ele dizia. Passava um pouquinho na casa de cada um! Tá, às vezes, ele palpitava na cozinha das irmãs e jurava que sabia cozinhar, teimando em ensinar "o jeito correto a se fazer". Quem diria que até isso deixaria saudade?

Como tio, era amado e respeitado. Fazia questão de demonstrar carinho com cada um, perguntar como estavam e se fazer presente. Mesmo daqueles, que estavam longe fisicamente, ele não se esquecia um dia sequer e constantemente mencionava estar com saudade de um, de outro...

Foi um servo de Deus, de muita oração. Nos últimos dias de sua vida, quando sequer estava doente, orava incessantemente. Colocava as petições e dores do outro acima das suas. Com sentimento e com lágrimas nos olhos, pedia pelos enfermos e necessitados. Se cometia algum erro, logo se ouvia do quarto, lá estava ele, de joelhos, pedindo perdão a Deus.

Materialmente, realizou tudo aquilo que um dia sonhou. Contava que, por dez vezes consecutivas sonhou o mesmo sonho, no qual Deus falava com ele para que construísse uma casa. E, por mais que achasse impossível, Deus tomou os caminhos e ele conseguiu, em três anos, construir seu sonho.

Osmar pôde desfrutar do sonho por um mês, mas como sempre dizia: "Tudo aquilo era para seus filhos". Não tinha seu coração em bem material algum. Como alhures dito, colocava as necessidades do outro, acima das suas.

Uma de suas paixões era, nas horas vagas, trabalhar como vendedor de carros. Ah, como isso o fazia feliz! Essa profissão era seu verdadeiro hobby. Gostava desde lavar e polir até bancar o mecânico, resolvendo pequenos problemas.

Osmar morreu em decorrência de uma de suas paixões: Salvar vidas! Esteve na linha de frente com afinco e amor. A cidade perdeu um profissional amoroso. A família perdeu um pedacinho do seu coração, mas o seu legado permanece. Ele ensinou a importância de servir a Deus, de ter fé e de amar.

Com carinho será lembrado por todos aqueles que tiveram o prazer de conhecê-lo. E assim, sua história será perpetuada, pois será sempre eterno, na mente e no coração de todos!

Osmar nasceu em Bandeirantes (PR) e faleceu em Ituverava (SP), aos 51 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Osmar, Luana Costa Braga. Este texto foi apurado e escrito por Lígia Franzin, revisado por Ana Macarini e moderado por Rayane Urani em 29 de dezembro de 2020.