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Paulino Feitosa Dias

1953 - 2020

Apaixonado pela vida e muito agitado, não deixava ninguém dormir.

Dono de uma inteligência para vendas invejável, tinha vocação nata para ser comerciante!

Esforçado, apesar da juventude difícil, de poucos recursos, ele foi lá, batalhou e conseguiu vencer na vida trabalhando como comerciante autônomo.

Teve quatro filhos: Paula, Gustavo, Sóstenes e Bárbara, para os quais sempre fez tudo o que pôde para ajudar; e também quatro netos: Victória, Guilherme, Sofia e o pequeno João Pedro, que ele não chegou a conhecer...

Apesar do seu jeito um pouco "duro", no fundo era todo coração. Capaz de perdoar até os erros mais graves, como um verdadeiro pai, foi sempre cuidadoso com os seus, mimando, cuidando e educando, não só os filhos mas também os netos.

Baixinho, barrigudinho, cabelinho quase todo branco, achava-se inteirão... e era! E era também dono de uma alegria que contagiava a todos e de uma risada única, marcante, forte, assim como ele. Adorava festas e fazia questão de sempre reunir as pessoas. Como todo bom comerciante, sabia muito bem fazer amigos. Até o comércio local vai sentir sua falta, pois ele fazia questão de ir tomar café todos os dias na mesma loja, onde acabou ganhando a simpatia dos funcionários.

Parecia não se cansar nunca, então não gostava de dormir. Ficaria ligado 24 horas por dia se fosse possível, e se visse alguém dormindo ficava "agoniado" e logo dava um jeito de acordar. Às vezes acendia a luz do quarto para pedir alguma coisa só para acordar os filhos.

"Impossível ouvir Toquinho e Oswaldo Montenegro e não lembrar dele. Comer peixe, carne de bode e pipoca sempre terão um gosto de saudade... que saudade! Não passa, não ameniza, nada muda. Às vezes parece que é um sonho, ainda que ruim... sonhamos muito com ele, parece até um consolo, mas a vontade de dar o abraço que não pudemos dar, de ouvir a voz, a risada, seus 'carões', qualquer coisa dele, é enorme", desabafa Bárbara.

"Agora queremos lhe dizer:
Obrigado por tanto.
Obrigado por nos ensinar tanto.
Obrigado por nos acolher sempre.
Obrigado pela vida que nos proporcionou.
Obrigado pelo companheirismo, pelas palavras, pelos momentos vividos.
Nós te amaremos para sempre. Continue cuidando da gente daí de cima, que um dia iremos nos encontrar, e nas próximas vidas queremos você como nosso pai novamente. Com todo amor e saudade deste mundo", assinam Dalva, Paula, Gustavo, Sóstenes, Bárbara, Victória, Guilherme, Sofia e João Pedro.

Será sempre lembrado com toda a alegria possível! Partiu deixando uma saudade do tamanho do seu coração sem fim.

Paulino nasceu no Recife (PE) e faleceu no Recife (PE), aos 67 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Paulino, Bárbara Helena Silva Dias. Este texto foi apurado e escrito por Alessandra Capella Dias, revisado por Paola Mariz e moderado por Rayane Urani em 20 de agosto de 2020.