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Pedro de Macedo Alves

1931 - 2021

Seus olhos brilhavam feito diamantes quando via sua amada Ritinha; foi amor à primeira vista, e foi para sempre.

Pedro, nossa estrela iluminada, nasceu na região serrana de Areia, na Paraíba. Viveu seus melhores anos em uma cidade próxima, Alagoa Grande, com sua grande amada, Ritinha; juntos criaram seus oito filhos tão queridos.

Extremamente dedicado à vida profissional, foi agente de saúde pública da extinta SUCAM, e falava todo orgulhoso que sua missão era proteger a saúde das pessoas. Fazia questão de levar os filhos ao seu local de trabalho na zona rural, para que pudessem conhecer cada pedacinho de seu ofício.

Às vezes precisava passar dias e dias longe de casa, mas não esquecia de voltar com os mimos simples no formato de chocolate para seus pequenos, como forma de lembrá-los de que não os esquecia nem por um só momento.

Por trás de uma timidez risonha, existia uma bela oratória, que se destacava sempre que ele queria expor o que pensava sobre a vida. Especialmente quando exercia sua vida religiosa, falando para seus irmãos, Testemunhas de Jeová, com quem se reunia semanalmente, trajando seu elegante paletó, até onde sua saúde permitiu.

Sua amada, Ritinha, foi realmente o grande amor da sua vida. Com ela, vivenciou o velho e bom clichê “amor à primeira vista”; ao olhar uma foto, disse “vou casar com essa menina” e anos depois assim o fez. Digna de filme, a história bonita dos dois criou laços tão fortes durante os mais de sessenta anos de casados, que nem as fases nebulosas do Alzheimer puderam borrar; o nome "Ritinha" nunca foi apagado da sua memória. Era nítido seu olhar de admiração ao fitá-la, seus olhos brilhavam sempre que ouvia a voz da amada.

A alegria de Pedro era estar em família e vê-los bem e sorrindo juntos. Ano após ano, a grande família de filhos e netos se reunia quase todos os domingos para almoçar juntos, e muitas memórias lindas foram construídas por meio dessa amorosa convivência.

Quando todos se reuniam, ele tinha uma mania marcante, sempre perguntava: "Quem é mais bonito do que eu?", e todos ficavam naquele alvoroço, respondendo "Eu, eu, eu!" Mas, como diz a letra de Milton Nascimento, o que os familiares queriam poder responder em uníssono hoje para ele é: “mais bonito que você não há”.

Tentava lembrar o nome de pedras preciosas para chamar cada um dos familiares, mas na verdade ele era o verdadeiro diamante da casa.

"Agora, depois de sua partida, somos só saudade de sua simplicidade ao levar a vida, da calmaria de seu semblante e da paz que ele nos ofertava com sua presença", diz a neta Andressa.

Pedro nasceu em Areia (PB) e faleceu em João Pessoa (PB), aos 89 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela neta de Pedro, Andressa Kelly Alves Ferreira. Este texto foi apurado e escrito por Ana Macarini, revisado por Ana Macarini e moderado por Lígia Franzin em 30 de março de 2021.