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Raimunda Géis de Sousa da Silva

1976 - 2020

Dona de tanta bondade que não cabia mais em si e, por isso, compartilhava com o mundo.

Géis, como era conhecida, transpirava alegria, doava bondade e fazia o melhor bolo de trigo que sua irmã, Janete, já comeu.

Carregava consigo tanta luz que bastavam algumas horas com as mãos na terra enquanto cantarolava louvores para dar vida até a mais murcha das plantas em seu jardim.

Era a mais velha de seis irmãos, cinco mulheres e um homem. Juntos construíram muitas lembranças boas, principalmente quando eram crianças e faziam bagunça nos rios de Maracaçumé (MA).

A casa cheia fazia imperar a alegria de Raimunda, pois era nesses dias que ela cozinhava uma bela de uma galinha caipira para celebrar a união com toda a família.

Evangélica, era dedicada à igreja e nunca perdeu a fé, mesmo após uma doença nos rins que os impedia de funcionar. Foi filha amada de Maria José, amor tão grande que a fez carregar por oito anos um pedaço da mãe em si, um rim, doado por quem cuidou e jamais saiu do lado de Raimunda, independente das circunstâncias.

Géis amava viajar para os Lençóis Maranhenses e sentar-se na sala para ver novela. Ah, e não perdia nenhum episódio do Big Brother Brasil!

Tinha mania de bondade. Não era rica, mas em tempos de fartura fazia questão de doar o que tinha em excesso. Quando achavam que não, lá estava Raimunda distribuindo sacolinhas de comida. Era peixe pro vizinho, galinha pro pastor, bolinho para os amigos da igreja, e quem viesse podia ter certeza que levaria para casa uma sacolinha também.

Os amores de sua vida eram os filhos Felipe e Raissa, assim como seu marido, José Ribamar, que ela curiosamente chamava apenas de Nelson.

Deixou saudades para a família, para os três cachorros, que eram como filhos, para os amigos com quem compartilhava as sacolinhas e para as plantas, que desde sua partida não mais floresceram.

Raimunda nasceu em Santa Luzia do Paruá (MA) e faleceu em São Luís (MA), aos 44 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela irmã de Raimunda, Janete Marques de Sousa. Este tributo foi apurado por , editado por , revisado por Paola Mariz e moderado por Phydia de Athayde em 7 de outubro de 2020.