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Raimunda Viana Abreu Alves

1942 - 2020

Tinha o coração do tamanho de sua fé e tratava todos por "irmãos em Cristo".

Ornada por seus vistosos cabelos brancos, Dona Raimundinha tinha uma aparência serena que combinava bem com seu jeito de ser. Era uma senhorinha calma, tranquila e muito religiosa.

Era chamada assim, no diminutivo, porque era baixinha, a menor entre os seus, mas só em estatura; tinha um coração do tamanho de sua fé. Tratava todos por "irmãos em Cristo", saudando sempre com carinho e alegria quem passava pela porta de sua casa. Era uma anfitriã acolhedora, adorava ajudar as pessoas e era muito carinhosa e humana.

Construiu família junto de seu Raimundo, com quem esteve casada por cinquenta e seis anos. A coincidência dos nomes não passou despercebida e os dois eram conhecidos como "os Raimundos", mas tratavam um ao outro de "meu bem". Da união, nasceram Jane, Rejane, Elaine Cristina e Maria Auxiliadora. Raimundinha adorava estar junto da família, especialmente das crianças.

Era frequentadora de missas e, quando não pôde mais ir à igreja, passou a acompanhar as celebrações pela TV. No dia a dia, também gostava de cuidar do "jardim de Jesus", como chamava. Para dar mais cor e vida, Jane plantou muitas flores e fez a alegria da mãe que amava regá-las e retirar folhas secas para que crescessem ainda mais belas.

Depois de partir, Dona Raimundinha ganhou uma homenagem recheada de fotos que eternizam sua presença na vida de cada um dos seus. Ao som da música "Dona Cila", a família manifestou o desejo de que essa senhorinha tão querida fosse recebida como uma rainha nos céus.

Em momento algum de sua vida, nem mesmo no hospital, Dona Raimundinha deixou de crer que "Deus é bom o tempo todo". Inspirada na fé da mãe, que permeia sua família, a filha Jane confia que a sabedoria divina escolheu até mesmo o momento devido para a despedida.

Apenas quarenta e três dias depois, seu Raimundo também partiu. Deixando saudades, a família acredita que ela foi na frente para poder receber o esposo por lá, acolhedora como sempre.

Por tanto quanto puderam, o casal viveu bem juntinho. Sempre abraçados ou de mãos dadas. Uma cumplicidade que segue para a vida eterna.

Para conhecer a história do marido de Dona Raimundinha, procure por Raimundo Alves.

Raimunda nasceu em Caxias (MA) e faleceu em Brasília (DF), aos 78 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Raimunda, Jane Alves Barreto. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Larissa Reis, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 26 de março de 2021.