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Raymunda Nonato dos Santos

1946 - 2020

Mulher inspiradora e sábia, a quem sempre valia a pena ouvir. Fã de Alceu e Elis, amava uma boa leitura e se encantava com o mar.

Forte e sábia, sempre lutou pelas coisas em que acreditava.

Amante da leitura, gostava de aproveitar as horas vagas para descobrir um novo autor, uma história diferente, um livro divertido. Também gostava de ouvir música, era fã de MPB. Passava horas ouvindo Alceu Valença, Elis Regina, Chico Buarque. Deliciava-se com Roda Viva, Verdade Chinesa, La Belle de Jour.

Militante de carteirinha, sempre saía em defesa de melhoria nas políticas públicas, pois sua paixão verdadeira era defender os desvalidos. Para Raymunda, "luto era, acima de tudo, verbo". Dizia que a justiça social precisa ser feita, e dependia exclusivamente de nós para acontecer. Sempre presente em manifestações e movimentos sociais, fez campanhas políticas em defesa da justiça social, e lutou da forma que pôde para melhorar a vida das pessoas menos favorecidas socialmente.

Era determinada e sábia. Os minutos e as horas pareciam voar quando eram passadas ouvindo suas palavras de conhecimento e amor. Cercada por muitos, dialogava sobre os mais diversos temas, era a referência dos amigos e conhecidos nos momentos de dúvidas. Cheia de conhecimentos e sabedoria, essa valorosa mulher fazia questão de partilhar o que sabia com todos à sua volta.

Teve duas filhas, divorciou-se, seguiu sua vida. Uma das meninas já falecida, certamente era a maior saudade de Raymunda. Sonhava com o reencontro no plano espiritual. A outra, era sua companheira de vida, e de lar. Dividiam o mesmo quintal, a mesma história, e o mesmo amor pela vida.

Além de ter sido mãe, Raymunda teve ainda o privilégio de ser avó, e bisavó. Era também a tia querida dos sobrinhos. Amou a família com a força de mulher guerreira e amável que era. Na casa e na vida de Raymunda, o afeto sempre foi figurinha carimbada. Sua casa estava constantemente cheia de amigos e familiares, e abarrotada de amor. Divertida e alegre, era grande apreciadora de viagens, e estava sempre pronta para se divertir no carnaval. Era apaixonada por cerveja. Amava o mar.

Raymunda deixa um mundo de saudade, e sem sua imensa sabedoria o mundo parece ficar um pouquinho menor. Do lado de lá, ela com certeza segue olhando pelos que a amam, e realizando o sonho de reencontrar sua filha.

Os amigos sentem sua falta todos os dias, e veem a querida Raymunda num bom livro, numa música de Elis, na brisa do mar. Quem teve o privilégio de conviver com essa mulher incrível nunca abandonará seus ensinamentos, que jamais serão esquecidos e para sempre perpetuados. Sua determinação e garra serão inspiração para seguir em frente.

Luto é, acima de tudo, verbo.

Raymunda nasceu Juazeiro da Bahia-BA e faleceu Mauá-SP, aos 74 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela amiga de Raymunda, Cida Maia. Este tributo foi apurado por Malu Marinho, editado por Bárbara Aparecida Alves Queiroz , revisado por Ana Macarini e moderado por Rayane Urani em 9 de março de 2021.