1947 - 2022
De coração genuíno e alma solidária, era conhecido por sempre dizer 'sim' a quaisquer pedidos de ajuda.
“Meu pai era a pessoa mais gentil e bondosa que eu já pude conhecer. Ele amava cuidar dos animais e das plantas da nossa casa. Mas não só... Todo bichinho que aparecia aqui na nossa rua já sabia que ia encontrar comida e um lar quando chegasse no nosso portão."
"Participante ativo da nossa comunidade, em meados dos anos 1990 o pai era o único que possuía carro na vizinhança. Com prazer, atendia todas as emergências da redondeza, como levar crianças na madrugada ao hospital, vizinhas em trabalho de parto, pessoas que pediam ajuda... Ele sempre dizia sim”, conta a filha caçula, Raquel.
Redelvino, nascido nas Minas Gerais, transferiu-se para São Paulo, onde formou família e se consolidou profissionalmente. Foi em São Paulo que ele encontrou a esposa Marlene. O encontro dos dois aconteceu de forma inusitada. Redelvino chegou a São Paulo em busca de trabalho; Marlene, pela mesma razão, chegou à capital paulista vinda do Ceará. “Aqui ele se formou e conseguiu trabalho e estabilidade financeira. A minha mãe foi procurar emprego onde ele já trabalhava e eles se conheceram lá. Ela foi fazer uma entrevista de emprego e no primeiro dia já trocaram flertes; pouco tempo depois já estavam namorando. Trabalharam juntos até eu nascer. Por conta de uns problemas de saúde que eu tive quando criança, pai e mãe optaram por ela se dedicar à família e aos cuidados comigo e com nossa casa”, conta Raquel.
Antes de Marlene, ele teve outra união. Dessa relação, Redelvino teve dois filhos. Valquíria, filha da esposa, e Maurício. Da união com Marlene, nasceria Raquel. A família se completaria com os netos Amanda, filha de Valquíria; Caio, Augusto e Victoria, filhos de Maurício; e Alice, a filha de Raquel, que foi criada como uma filha pelo avô. “Sou mãe solo; a referência paterna da Alice foi o avô”, lembra Raquel. “Eles eram melhores amigos, ele adorava passar tempo com ela”. O núcleo familiar ficou completo com Miguel, filho de Victoria, o bisneto que nosso homenageado chamava carinhosamente de Chiquinho.
Raquel volta ao testemunho: "Quando se aposentou, meu pai usou as economias para comprar um sítio na sua terra natal. Seu sonho era viver de plantio, como no comecinho de sua vida. Dizia que os cinquenta anos de trabalho duro em São Paulo eram pra isso. No sítio, ele estendia os cuidados com a natureza. Nunca cortou uma árvore sequer e, infelizmente, não pôde usufruir da velhice calma que ele planejava.
“Parece exagero, mas não tem uma pessoa que o tenha conhecido que não sinta admiração por ele”, diz Raquel, para quem o pai será sempre lembrado por ser um homem honesto, zeloso e amoroso. Um homem honrado. "Meu pai deixa um legado a ser seguido, de gentileza, bondade e calmaria. Em nossa última conversa, eu lhe disse que ele logo voltaria. Era meu anseio, nosso reencontro. Esse anseio permanece”, finaliza Raquel.
Redelvino nasceu em Buenópolis (MG) e faleceu em Itapevi (SP), aos 74 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela filha de Redelvino, Raquel de Souza Pereira da Silva. Este tributo foi apurado por Andressa Vieira, editado por Patrícia Coelho, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Ana Macarini em 25 de julho de 2023.