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Rejane Ribeiro de Sousa

1968 - 2021

Amava conversar por horas, pessoalmente ou ao telefone, e sempre nos cativava com seus milhares de assuntos.

Dona Rejane, minha eterna mãe.

Uma das pessoas mais fortes que já conheci, embora ela mesma nunca tenha reconhecido sua força. Minha mãe era uma eterna romântica, adorava romances de novelas, amava as músicas da Sandy e Júnior, e tudo mais que suspirava amor.

Uma mulher forte, mas que nunca reconheceu o tamanho de sua força. Dentre inúmeras demonstrações dessa força foi ter sido mãe de quatro filhos e perdido o esposo quando ainda tinha 35 anos. Teve assim que superar limites e os muitos obstáculos que apareceram em seu caminho. Em luto e com luta minha mãe conseguiu, com pouco estudo e recursos escassos, fornecer sustento e aconchego, nos ensinando sem nenhuma palavra o significado do que é resiliência.

Dona Rejane tinha muitas amigas, sempre teve muita facilidade de se comunicar e construir relações. Amava conversar por horas, pessoalmente ou no telefone, e sempre nos cativava com seus milhares de assuntos.

Minha mãe era religiosa, amava a Deus e ir à igreja. Ela sempre tinha um óleo ungindo “na manga” para interceder por nós em todos os momentos de nossa vida. Mas, sem dúvida, o melhor momento era quando ela nos ungia enquanto dormíamos e com todo o coração fazia uma oração pedindo a Deus que abençoasse seus filhos. Deus sempre atendeu.

Não tenho dúvida que nós éramos tudo que Dona Rejane mais amava. Ela é a vovó do Benjamim, que nasceu quatro meses antes de sua morte. Acredito que, de alguma forma, ele pôde sentir seu amor e dedicação nesses poucos de meses de convivência.

Minha mãe amava assistir aos jogos da seleção brasileira; gostava da novela Malhação; adorava ouvir música em "microsystem"; preenchia caça-palavras para ajudar a memória; tinha vários anéis; guardava coisas que ganhava para usar em situações que ela considerasse especiais; cozinhava muito bem; tampava os ouvidos com as mãos para não “vê” coisas surpresas na TV; adorava se apaixonar; suas mãos eram as mais lisas que já toquei; sonhava em se casar e tinha muito medo de morrer.

Filha da Dona Francisca e do Seu Wilson.
Irmã do Regis, Reginaldo, Cristiane, Adriana, Rosa, Ronaldo e Daniel.
Mãe de Rafael, Tarcisiano, Juliane, Aline e Romeu.
Avó do Benjamin.

Uma música que ela amava:
“Nunca houve noite que pudesse impedir
O nascer do sol e a esperança
E não há problema que possa impedir
As mãos de Jesus pra me ajudar”.
(Voz da Verdade)

Filmes que ela assistia muitas vezes:
Toda a saga "Crepúsculo".

Sei e sinto que ela permanece conosco todos os dias; continua intercedendo e nos abençoando. Sinto minha mãe em tudo que faço e em cada sonho alcançado. Peço sempre sua benção e oração a cada novo projeto que inicio e sei que ela nunca, jamais morrerá.

Rejane nasceu em Quixeramobim (CE) e faleceu em Fortaleza (CE), aos 53 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Rejane, Juliane de Sousa da Silva Ferreira. Este tributo foi apurado por Andressa Vieira, editado por Juliane de Sousa da Silva Ferreira, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 1 de dezembro de 2022.