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Renê Soares de Freitas

1944 - 2021

Homem simples, cuja felicidade residia na fruta colhida do pé, saboreada ao som do canto dos pássaros.

Entre as mais variadas tonalidades de verde que contrastavam com o céu azul e os raios de sol, Renê encontrou a felicidade no labor rural, ocupando-se, de segunda a segunda, dos afazeres do campo. Embaixo de sol e chuva, cuidava dos animais; carpia os pastos; ocupava-se das benfeitorias do terreno, para que tudo ficasse sempre impecável; arava as terras e zelava pelas plantações. Literalmente, colhia frutos de seu trabalho tão árduo quanto necessário. O suor que percorria o seu rosto era a comprovação do zelo que tinha pelos seus afazeres.

Da mesma forma que o trabalho tinha grande importância em sua vida, dava o mesmo valor à honestidade. Gostava das suas contas em dia e jamais cobiçava o alheio. Para ele, nada era tão valioso quanto o contato com a natureza, o barulho dos pássaros, comer fruta colhida no pé e a saúde de sua família. Aliás, esta era a única coisa que lhe tirava o sossego: o bem-estar de quem amava. Pilar de sua família, gostava de saber o que cada um necessitava e estava sempre a postos para cuidar dos seus.

A sobrinha Ariely lembra-se com carinho do tio e dos ensinamentos que ele deixou: "Ele me mostrou o quanto são gratificantes as conquistas vindas através do nosso suor e que a felicidade se encontra no simples, sem muito requinte".

Certamente, a perda de alguém tão especial trouxe uma constatação para toda a sua família: Renê foi a personificação do quanto a simplicidade é bela, valorosa e inspiradora.

Renê nasceu em Cambuci (RJ) e faleceu em São José do Itapinoã (MG), aos 76 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela sobrinha de Renê, Ariely Barbosa Freitas. Este tributo foi apurado por Fabiana Colturato Aidar, editado por Andressa Vieira, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Ana Macarini em 25 de setembro de 2023.