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Rita de Cassia Duarte

1964 - 2020

Seus “beijos azuis” espalhava carinho em todos os cumprimentos, felicitações e despedidas.

A energia e a alegria cativantes de Rita atraíam gente ao seu redor, fossem os próprios amigos ou até os amigos dos filhos, que a ela recorriam para um desabafo, um conselho, uma confidência, uma palavra de apoio. Ela era desse jeito: acolhedora, sincera e autêntica ao mesmo tempo; falava o que pensava sem perder a medida, “sabia a hora certa”, como pondera o primogênito Diogo. E a filha Daniela completa: “Era o pilar de tudo, procurava entender o lado de cada um, além de sentir quando a gente não estava bem”. Acolhia com um sorriso e um abraço e sempre tinha palavras de motivação e entusiasmo.

Gostava da casa cheia e de estar próxima das pessoas. Frequentemente convidava as amigas para a mesa farta e uma boa conversa. Preservava o laço ainda mais estreito com Ivonete, amiga querida de longo tempo e de todas as horas.

Batalhadora desde jovem, tinha foco e fazia de tudo para realizar o que queria, fosse simplesmente trocar um móvel da casa ou alcançar um projeto maior. “Era determinada e objetiva”, comenta Daniela. Foi assim para descobrir sua mãe biológica, depois de ter sido adotada e criada por dona Geni, e até para completar os estudos do ensino médio, já adulta, quando precisou do diploma para ingressar no curso de esteticista. Recebeu o incentivo dos filhos para estudar tardiamente e conseguiu se estabelecer na profissão. Queria ainda se especializar como designer de sobrancelhas, mas o destino interrompeu seus planos.

Vaidosa e detalhista, “mantinha sempre a unha feita e o cabelo impecável”, descreve Daniela. “E estava sempre cheirosa”, recorda Diogo. “Até as roupas novas, ainda guardadas com etiqueta, tinham seu cheiro especial”, ele diz.

Rita para alguns, Ritinha para outros ou simplesmente Preta para o marido Onofre — que conheceu na juventude como colega de trabalho e chamava de Preto —, também era afeita a frequentar as praias de Niterói, no litoral fluminense, para onde se mudou já com a família formada. Marcava lugar na praia de Charitas, em que guardava seu cantinho favorito e nutria o bate-papo informal com os atendentes do quiosque. Participava ativamente dos grupos de atividade física do Projeto Gugu, ampliando ainda mais seu círculo de amizades.

Sua rotina incluía, acima de tudo, o convívio intenso com os netos Bernardo e Théo, de quem ajudou a cuidar e, na definição de Daniela, “eram seu grude. Faziam de tudo juntos: desenhos, saídas, passeios à praia, aulas de leitura e escrita”. Rita dava muito amor aos meninos assim como fez com Diogo e Daniela quando crianças. “Ela brigava com a gente na infância, mas orientava e temia nosso sofrimento com as coisas do mundo, era muito amiga”, eles relembram.

“Nossa mãe deixa saudade, mas muita luz e ensinamentos”, dizem os filhos, que se despedem de Rita com "eternos beijos azuis"!

Rita nasceu em Itapevi (SP) e faleceu em Niterói (RJ), aos 55 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pelos filhos de Rita, Daniela Duarte Onofre e Diogo Duarte Onofre. Este texto foi apurado e escrito por Fabiana Colturato Aidar, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 3 de dezembro de 2021.