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Roberto César Sousa e Silva

1964 - 2020

Era um avô alto-astral que fazia todas as vontades dos netos.

O filho de Wilame e Lourdes era divertido, do tipo que as pessoas riam apenas pelo seu modo muito particular de falar.

Apesar dos problemas de saúde - pois enfrentou um transplante de fígado e possuía baixa visão decorrente do diabete, o irmão Roberto, conforme o chamavam, não sucumbia à tristeza e ajudava todos da forma que podia.

A filha Graziela conta que o pai estava sempre na igreja por acreditar que devia ficar perto da casa do Senhor, e que fazia visitas em centro de recuperação de dependentes químicos, onde dava seu testemunho, na condição de ex-usuário de drogas.

"Em 2011, ele se converteu, aceitou Jesus como Salvador e passou a levar uma nova vida", diz Graziela, para quem Roberto César era um guerreiro.

Presente na vida das três filhas, cultivava maneiras diferentes de estar com cada uma delas. Para Gizela, por morarem em bairros distantes, o pai ligava todas as manhãs para acordá-la com a seguinte frase: "desperta, oh tu, que dormes". Com Izabela, ele fazia viagens e passeios, já Graziela era sua dupla para assistir às novelas mexicanas.

“Ríamos, pois ele ficava revoltado e brigando com os personagens. Às vezes, eu também me revoltava; outras eu brigava dizendo que era só uma novela e que ele não precisava ficar com tanta raiva pra não passar mal", ela relembra.

Apaixonado pelos netos Rebeca (7 anos) e Pietro (4 anos), o avô costumava levá-los para passear na pracinha e comprar xilito (salgadinhos industrializados), coxinhas e outras guloseimas, mesmo sem a aprovação da avó Idalina e da mãe das crianças.

Pouco antes de partir, Roberto César manifestou o desejo de estudar Geografia, o que emocionou Graziela.

"Sou geógrafa e foi ele que me apresentou alguns dos lugares mais lindos do nosso estado, o Ceará. Quando eu estava nas minhas viagens, em aulas de campo, sempre me lembrava dele", diz a filha.

Ela sente não ter podido se despedir do pai, mas acredita que agora ele está com Deus e Jesus na morada celestial.

Roberto nasceu em Fortaleza (CE) e faleceu em Fortaleza (CE), aos 55 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Roberto, Graziela Gonçalves Sousa e Silva. Este tributo foi apurado por Talita Camargos, editado por Mariana Quartucci, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 30 de outubro de 2020.