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Roberto Côrtes de Lacerda

1942 - 2020

Um dicionário para não morrer, tem sempre que ser atualizado.

Palavras da esposa, Helena Lacerda:

Dicionarista, coautor do Dicionário Houiass, membro da equipe que atualizou o Dicionário Aurélio, autor do Dicionário de Provérbios Francês-Português, editado pela UNESP, e outro de Português-Inglês, editado pela editora Campus e, sobretudo, um grande esposo, pai e avô.

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Recorte de reportagem publicada em O Globo, sobre o falecimento de Roberto:

Enquanto o país ainda não sabe como vai escrever sua nova história depois da pandemia do coronavírus, os brasileiros acabam de perder uma grande referência da Língua Portuguesa. Faleceu o dicionarista Roberto Côrtes de Lacerda, aos 78 anos. Roberto deixa Helena, com quem viveu por quase sessenta anos, três filhos e seis netos.

Toda a vida de Roberto Côrtes de Lacerda foi voltada para as Letras. Trabalhou nas editoras Hachette e Nova Fronteira e na Enciclopédia Britânica. Destacou-se como filólogo e dicionarista. Foi co-autor do ‘Grande Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa’ iniciado em 1985, e cuja primeira edição foi lançada em 2001. Contribuiu também ativamente com a equipe de Aurélio Buarque de Holanda na construção e atualização do conhecido ‘Dicionário da Língua Portuguesa’. Incentivado pelo amigo Paulo Rónai, a quem muito admirava, tornou-se também tradutor de francês, língua que dominava com profundidade. Em 1994 publicou ‘A Odisseia’, uma concisa adaptação para crianças e adolescentes do texto grego, adotada em muitas escolas. Uma obra de maior fôlego, que contou com a valiosa colaboração da sua esposa Helena, foi o ‘Dicionário de Provérbios’ em português, francês e inglês, cuja segunda edição foi publicada em 2004. Outro dicionário de provérbios em português e inglês também foi posteriormente publicado.

Nos últimos anos de vida, trabalhou no aperfeiçoamento do que ele considerava sua obra de maior fôlego: o Dicionário de Locuções e Expressões da Língua Portuguesa. Segundo Roberto: “um dicionário, para não morrer, tem sempre de ser atualizado”. Frase que também se aplicava à sua vida pessoal.

Além das Letras, era uma pessoa agregadora, que vivia rodeada da família e amigos, profundo conhecedor de vinhos e tinha como um dos maiores prazeres da vida viajar e conhecer o mundo. Em uma das suas viagens inesquecíveis comemorou seus cinquenta anos de casado em Portugal na Quinta da Pacheca, com pessoas queridas celebrou a vida da forma que mais gostava. E por ironia da vida foi na sua última viagem para um evento “Essência do Vinho”, na cidade do Porto e para a comemoração dos 55 anos de casado que contraiu a doença que o levou à morte.

Roberto nasceu no Rio de Janeiro e faleceu no Rio de Janeiro, aos 78 anos, vítima do novo coronavírus.

História revisada por Rayane Urani, a partir do testemunho enviado por esposa Helena Lacerda, em 3 de abril de 2022.