1985 - 2020
Viveu a vida intensamente, regando-a de amores, cerveja e muita música sertaneja.
Rodrigo era a alegria em pessoa. Estava continuamente disposto a ajudar o próximo com um sorriso de orelha a orelha, sem se importar em colocar a mão na massa. Sempre foi o primeiro a se mobilizar em prol daqueles que precisavam; reunir as pessoas para promover o bem, era o que ele estava mais acostumado a fazer. Com o seu coração grande e seu jeito simples e extrovertido, aproximava pessoas, mesmo que aquela relação pudesse parecer realmente improvável. Além disso, generoso, Rodrigo estava sempre à disposição e não media esforços para ajudar.
Advogado e empresário pecuarista, Rodrigo cumpria seu mandato de prefeito desde o início de 2017. Ele era conhecido por todos; e não tinha quem ele não conhecesse também. Sua memória poderia, eventualmente, lhe trair; mas, para isso, ele contava com um companheiro que nunca o deixava na mão.
Rodrigo exibia um hábito de linguagem, no mínimo, peculiar: o uso do vocativo “bruto” era o favorito para todas as horas. Recebera esse curioso apelido numa roda de amigos, e acabou transformando-o em sua marca registrada. “E aí, bruto? Tudo certo ou não?”, era com o esse jeito que Rodrigo transformava um mero conhecido em amigo íntimo num piscar de olhos. “Ele era muito ruim em lembrar o nome de todo mundo”, recorda com carinho seu irmão Aleandro.
“Ele não queria a política como profissão, queria para poder ajudar os outros”, conta seu irmão. Rodrigo realizou grandes benfeitorias para a população de sua cidade e, graças à sua mentalidade de empreendedor, conseguiu deixar grandes obras encaminhadas, “parece que ele estava sentindo o que ia acontecer e deixou as coisas em ordem”. Ele não fazia distinção entre as pessoas, recebia e escutava com boa vontade quem aparecesse.
Sempre rodeado de amigos, seu programa favorito era fazer um churrasco, regado a cerveja e com muita música sertaneja. De bermuda, sem camisa e de chinelos – ou até mesmo descalço –, todo domingo de churrasco ele colocava o DVD do Gusttavo Lima para animar ainda mais a farra. Não faltava também o chapéu que Rodrigo comprou em homenagem ao cantor.
Nas festas, Rodrigo adorava jogar truco e ouvir o som de Leonardo – um dos clássicos da música sertaneja e seu maior ídolo – era imprescindível. Em eventos com música ao vivo, ele arriscava até uma palinha ao microfone e subia no palco para o show. Independentemente de quem fossem os cantores, ele sempre estava preparado para cantarolar pelo menos uma ou duas músicas. “Adorava cantar, mais gostava do que cantava”, diz Aleandro.
O importante sempre foi se divertir e construir memórias de momentos felizes ao redor daqueles que amava, seja no rodeio, em uma viagem ou conversa no meio da rua. “Ele era muito zoador, gostava de brincar, vivia dando risada”, relembra o amigo Bruno. Um homem cheio de amor pela vida, Rodrigo apreciou intensamente cada momento. Teria sido egoísmo reservar este amor para poucos, característica que não era de seu feitio.
Destemido, Rodrigo não tinha medo de nada, com exceção de construir um cemitério na cidade e, ironicamente, ser o primeiro a ser enterrado nele, assim como aconteceu com o prefeito de “O Bem-Amado”. Depois de assistir ao longa-metragem, esse era o assunto mais comentado nas rodas de conversa com os amigos.
“Ele falava que não iria fazer um novo cemitério e sim, que aumentaria o que já existe, mas que não faria um novo, não”, conta nostálgico Aleandro. Não apenas em razão do filme, mas também por ser muito amado pelas mulheres, Rodrigo era apelidado pelos amigos mais íntimos de “bem-amado”.
No auge de sua vida profissional e com muitos sonhos interrompidos, Rodrigo deixou seu pai, Orivaldo, sua mãe, Valdete, e seus irmãos mais velhos por parte de pai, Odacir, Alessandra e Aleandro.
Rodrigo nasceu em Santo Antônio do Arancanguá (SP) e faleceu em Araçatuba (SP), aos 35 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pelo irmão de Rodrigo, Aleandro Santana Rodrigues. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Marina Teixeira Marques, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 22 de outubro de 2020.