1969 - 2021
Gostava de fazer artesanato, de pintar, de bordar em fita e em ponto cruz.
Foi interior de Pernambuco junto à sua família que conheceu a união e a felicidade. Seu pai, rigoroso, sua mãe bastante amorosa e zelosa, criaram sete filhos ao todo.
Para ajudar nas despesas da casa, Rosineide lavava roupas com a mãe. Ao fazer 22 anos e engravidar, teve que sair da casa da família por seu pai não aceitar que ela fosse mãe solteira.
Mas ela tinha motivos de sobra para batalhar por uma vida de conforto e amor: a sua filha Débora. Quando a pequena tinha 4 anos e sua mãe faleceu, Rosineide teve que trabalhar em uma cidade longe de Custódia.
“Ela me deixava com uma cuidadora e vinha todo final de semana. Sempre pegava carona para voltar para nossa cidade e foi assim que ela conheceu meu padrasto. Ele trabalhava no posto e ali começaram a conversar”, conta Débora.
Rosineide mal sabia, naquele momento, que estava conhecendo o seu futuro companheiro. Alguém que ela poderia partilhar os momentos, os sonhos da vida e o cuidado com a sua filha. “Ele ajudou a minha mãe a me criar e a ter uma vida melhor”, conta.
A vida com o seu marido e a sua filha foi boa. Todos os finais de semana um almoço diferente demonstrava o cuidado e o carinho que Rosineide tinha pelos seus. Enfrentou a depressão por duas vezes, mesmo em seus momentos de dificuldade, não deixava de ser uma pessoa carinhosa e que cativava a todos.
Realizou grandes sonhos: adquiriu a casa própria e viu a filha se formar na Faculdade de Farmácia. “Quando comecei a Faculdade, por não conhecer ninguém, ela ia me deixar no ponto do ônibus, também ia me buscar quando eu retornava às 22h. Lembro de quando eu descia do ônibus e via o rosto dela em meio as outras pessoas. Isso me dava um sentimento de lar, cuidado e amor”, conta Débora.
Seu último aniversário foi muito significativo. Todo ano, ganhava de sua filha uma cesta de café da manhã, o bolo a noite junto ao presente. Porém naquele ano, recebeu dois bolos. O segundo, presente de uma grande amiga e vizinha.
Rosineide deu amor e foi amor. Por isso, deixa saudades imensas em todos aqueles que tiveram o privilégio de conviver com ela.
Rosineide nasceu em Custódia (PE) e faleceu em Garanhuns (PE), aos 51 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela filha de Rosineide, Débora Jayle Santos Nunes. Este tributo foi apurado por Aline Mariane Fernandes, editado por Aline Mariane Fernandes, revisado por Magaly Alves da Silva Martins e moderado por Rayane Urani em 29 de novembro de 2021.