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Silvestre Carvalho Vieira

1940 - 2020

Um macho vaidoso e gentil, dono de um “avião” e de uma “fazenda”.

Começou a trabalhar cedo, junto ao seu irmão Hermelindo, aos 14 anos de idade.

Já adulto, tornou-se comerciante na cidade de São José de Ribamar, casou-se com Aída e, tornou-se pai de Silvânia, Silvilene, Sildiney e Silvângela.

Íntegro, justo, forte e elétrico, seu Silvestre era um “macho” - era essa a forma que chamava todos que trabalhavam com ele. Mas, nem por isso deixava de ser vaidoso, arrumava-se todo bonito e cheiroso.

Outra coisa que não abria mão, nem por decreto, era de sua caminhonete Hilux, porque como ele dizia: “Preciso desse ‘avião’ para me levar para minha 'fazenda' aos sábados”.

O que ele chamava de fazenda, na verdade, era o seu refúgio, a terra onde criava umas poucas cabeças de gado, e que visitava todo sábado. Era seu lazer predileto. Ficava cheio de alegria quando algum de seus netos aceitava viajar com ele, de madrugada, para a “fazenda”.

Gentil e educado, era também um pouco tímido, não gostava de incomodar ninguém.

As filhas lembram que: "Na nossa infância, era difícil comer caranguejo no “toc toc”, porque o pai não nos deixava fazer barulho, para não incomodar os vizinhos."

Esse era seu Silvestre, um macho discreto.

Silvestre nasceu em Veneza (MA) e faleceu em São Luís (MA), aos 79 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pelas filhas de Silvestre. Este tributo foi apurado por Michelly Lelis, editado por Ticiana Werneck, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 13 de junho de 2020.