1964 - 2021
Dava um tom especial a grandes músicas e, em sua concepção, cantava melhor que os intérpretes.
"Alegria da família", define a cunhada Maria Aparecida. Silvia era dona de um entusiasmo que contagiava a todos. Com seus brincos e colares extravagantes, desfilava pela vida como quem sabia do seu lugar no mundo. Ela brilhava.
Sua vaidade era bonita de ver. Chegava a todos os lugares espalhando energia positiva. Era no boteco com cerveja geladinha que conquistava a atenção de muitas pessoas. “Saía bastante e amava paquerar”, diz a cunhada.
No coração de Silvia cabia muita gente. Se interessava pela vida dos outros e a fazia questão de combater a injustiça. Era capaz de armar um barraco para se defender ou defender alguém que amava. Cheia de saudades, a cunhada Maria Aparecida a define carinhosamente como uma querida barraqueira.
Engraçada, divertida e cheia de atitude, Silvia sabia como tirar uma pessoa da tristeza ou de uma situação difícil. A cunhada conta um exemplo inesquecível. Quando ela estava fazendo quimioterapia e ficou careca, Silvia encorajou-a a tirar o lenço da cabeça e a levou para um bar com a careca à mostra. “Ela pegou na minha mão e disse: larga esse lenço, você está linda!”
Cabeleireira de mão cheia, tinha um salão próprio, o Help Hair, que administrava sozinha. Não precisava de mais ninguém para dividir sua paixão por cortar cabelo. Tão certa era de que fazia o melhor no seu ofício que tomava decisões próprias quando lhe pediam para cortar apenas “dois dedinhos”, conta a cunhada. Cortava o que achasse necessário e o corte belíssimo.
Silva é mãe de três filhos - Mariana, Matheus e Everton - e avó de três netos. Morava com a mãe, Iva, e dois dos filhos. Como matriarca da família, absorvia toda a responsabilidade da casa. “Sua relação com a mãe era muito bonita”, diz a cunhada, e foi naquele lar que construiu uma vida cheia de alegria e cumplicidade.
Silva aprendeu desde sempre a cuidar das pessoas. Na infância e adolescência, por ser a filha mais velha, cuidou dos irmãos. Tiveram uma vida difícil, mas isso nunca a desencorajou. Sua responsabilidade para com os irmãos - Cassiano, Roseli, Sônia e Vagner - serviram de aprendizado para uma vida cercada de muita gente que precisava dela.
Competitiva e senhora de si, Silvia amava jogar baralho e bingo, e brincar de karaokê em família. Brilhava nas festas de família e sempre achava que cantava melhor que os cantores, diz a cunhada. Suas músicas preferidas eram "La Belle de Jour", "Vermelho" e "Chão de Giz". O toque especial que dava às músicas e sua voz intensa enchiam o ambiente.
Para fazer fotos no celular ela colocava o timer e todos já sabiam que era hora de esperar. Além de fotos, usava o celular para jogar com a cunhada, o filho e a nora Pamela. “Se expressava xingando quando perdia, parava de jogar indignada, e tudo isso era muito engraçado”, diz a cunhada.
Sua mais recente paixão foi a netinha Luiza. As festas ganharam uma outra cor e eram a música, os jogos, as comidas e bebidas, principalmente a cerveja, que completavam esse arco-íris de emoções.
Com muito bom humor, Silvia explicava as relações que se davam na família. Como seus filhos eram de pais diferentes e a enteada Pamela era casada com o filho mais velho Everton, havia “uma confusão danada” nas explicações que Silvia dava. Isso nunca lhe tirou o alto astral e o bom humor, pois estava muito acima de tudo isso.
Era tão cheia de energia e decidida na realização de seus desejos que, sem saber dirigir, foi lá e comprou o primeiro carro, um Fusca. Se orgulhava disso e sempre contava essa história. Um troféu à sua impetuosidade e determinação.
Silvia deixa saudade nos corações de seus queridos, de seus amigos, de todos que acompanharam a sua trajetória de vida. Sua figura linda e cativante, sua risada alta, ficará na memória e nos corações dos que a admiravam e que a amavam. Ela fica para sempre em muitas vidas que tocou e cuidou com mãos cheias de carinho.
Silvia nasceu em Osasco (SP) e faleceu em Osasco (SP), aos 57 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela cunhada de Silvia, Maria Aparecida de Melo Santiago. Este tributo foi apurado por Daniel Ventura Damaceno, editado por Míriam Ramalho, revisado por Fernanda Ravagnani e moderado por Rayane Urani em 29 de março de 2022.