Tadeu Goulart Filho

1980 - 2021

Ao entregar as casas construídas em um conjunto habitacional da cidade, conhecia cada novo morador pelo nome.

Ele era filho de Tadeu e Tânia, a quem era muito apegado. Era irmão de Tânia Camila e Tânia Carolina e, como caçula dos três, era o mais mimado. Quando bebê ficava constantemente adoentado, mas à medida que foi crescendo, tornou-se uma criança saudável e feliz que, desde pequeno, vivia tirando sarro de quaisquer situações, parecendo não levar nada a sério e tornando impossível não rir das brincadeiras que fazia!

“A relação entre irmãos é algo que precisa ser comentado. Tadeu e eu formávamos uma parceria: gostávamos das mesmas bandas de rock, íamos a shows, tínhamos amigos em comum e, frequentemente, saíamos juntos para beber. Com nossa irmã mais velha, Tânia Carolina, o Tadeu vivia uma relação muito especial, pois, ela, por ser mais caseira e não sair muito conosco, sempre o protegeu como um filho. Os dois tinham muito amor um pelo outro, algo muito bonito, difícil até de explicar”, diz Tânia Camila.

Ele estava casado há apenas três anos com a Daniela. Os dois se conheceram através do irmão dela, Waldemir, que os apresentou com a convicção de que ele seria um bom parceiro para sua irmã. Antes de se conhecerem, ela morava em Ibaiti, cidade a 108 km de Cornélio Procópio. Logo após o casamento, mudou-se trazendo Júlia, filha de uma relação anterior, enquanto seu outro filho o João Vítor, ficou morando com o pai.

Tadeu tornou-se o pilar da família e tratava os filhos da Daniela como se fossem seus e provia tudo o que fosse necessário. Era muito presente na vida da menina que morava com ele participando das reuniões escolares e fazendo parte do Conselho de Pais, por meio do qual buscava constantes melhorias para o ensino, contribuindo, inclusive, com a reforma da quadra de esportes da escola, que terá o nome dele como forma de homenageá-lo. Tinha o mesmo carinho para com João Vitor e, numa das férias que ele veio passar em sua casa, Tadeu deu de presente uma guitarra e começou a lhe ensinar teoria musical e como tocar instrumentos.

O nascimento de Tadeu Neto concretizou o sonho de ser pai biológico. A cada nova conquista do filho, seu coração se enchia de alegria com os primeiros passos, a descoberta dos sons e das palavras, os estímulos aos incentivos musicais. “O pequeno era uma extensão do meu irmão, além de ser a cara dele, era espirituoso como o pai. Certamente, o filho foi o seu grande amor!”, revela a irmã.

Realizado ao lado da nova família que formou, era benquisto por todos e mantinha um relacionamento amistoso com o ex-marido de Daniela.

Tinha o costume de realizar passeios em família. Juntos iam a pesqueiros, a restaurantes de culinária japonesa, passeavam na casa de amigos. Era comum também preparar churrascos em sua casa e, nestas ocasiões, convidava os pais, irmãs e cunhado que chegavam na hora do almoço e ali permaneciam até a madrugada.

Nas horas vagas, ficava ouvindo bandas de metal - e essa era uma de suas características mais marcantes – ou então tocando baixo e jogando videogames. Quando faleceu, participava de duas bandas, uma delas fazia cover do Motörhead, banda inglesa precursora do New Wave of British Heavy Metal. Sua paixão era tão grande por esse gênero musical que, quando jovem, teve um programa sobre rock no sábado à noite, na rádio da nossa cidade, no qual, além de tocar as músicas, contava histórias interessantes sobre os astros do rock.

Tadeu herdou da mãe, que era professora de letras, o gosto pela leitura, música e o aprendizado de línguas. Os dois tinham muita identificação e afinidade um com o outro e conversavam bastante a ponto de tornaram-se confidentes.

Tania Camila conta que ele era extremamente inteligente e que, apesar de não ter estudado muito, era autodidata: “Em uma das recordações que tenho da infância, lembro-me dele me ensinando alguns conteúdos antes de irmos à escola. Sabia de tudo e sempre mais do que todo mundo”.

Seu último trabalho foi ocupando o cargo de chefe regional do Escritório da Companhia de Habitação do Paraná – Cohapar, em Cornélio Procópio. Esse órgão era o responsável pela execução de programas habitacionais no estado. Era comum participar de programas de rádio como convidado para sanar diversas dúvidas da população e, por isso, tornou-se muito conhecido.

“De natureza idealista e justa, cada casa distribuída para uma família, tornava-se motivo de celebração para ele. Certa vez, ele realizou uma entrega de casas no bairro Marta Dequech, aqui da nossa cidade. Deste modo, acompanhou todos os detalhes da entrega da obra. Eu me recordo que ele levou toda a nossa família até lá para mostrar o resultado das construções. Vi nos seus olhos o quanto se sentia radiante por estar realizando sonhos. A cada passo, cumprimentava as pessoas, sempre chamando-as pelo nome”, conta a irmã ilustrando o envolvimento do irmão com o que ele fazia.

Algumas características de Tadeu são lembradas por ela: “... engraçado, era muito piadista e tirava sarro de tudo! Estava sempre rodeado de amigos e não havia uma pessoa que não gostasse dele. Espalhafatoso e de coração gigante, ajudava quem estivesse por perto; o seu jeito autêntico, fez com que a cidade inteira o conhecesse”.

“Tinha amor muito grande pelos cãezinhos, tanto que doava rações e quantias para diversas organizações da causa animal. Ele também se preocupava bastante com pessoas em situação de vulnerabilidade, ajudando, sempre que possível, a suprir alguma necessidade delas. Por onde passava fazia amigos, cara de coração grande, sempre tinha um conselho e uma palavra para apoiar as pessoas”.

Continuando uma tradição familiar que veio desde o avô, seu amor pelo Palmeiras era imenso e, nos dias de jogos, convergia totalmente a sua atenção para o time em campo. “A cidade inteira sabia que o Tadeu era “Parmêra”, como ele mesmo dizia”, reforça Tânia Camila para finalizar a homenagem a ele.