1986 - 2020
Feliz com a conquista de sua empresa, nunca abria mão de seus prazeres: ouvir músicas e pilotar a churrasqueira.
Alto, gordinho e com o sorriso mais lindo. Assim Tarcizio é descrito fisicamente pelos olhos apaixonados da noiva, com quem ele iria se casar em 06 de dezembro de 2020. "Faríamos doze anos juntos nessa data. Chegamos a ver um salão, mas, com o início da pandemia, adiamos os planos para quando tudo acabasse. Infelizmente o que acabou foi nosso sonho", lamenta Nina.
Filho do Seu Tarcizio e da Dona Josefa e irmão de Tais, Talita e Tomaz, esse homem digno e trabalhador tinha um coração maior que o mundo. Amava a família, que incluía os filhos da irmã Talita: Arthur e Maria Eduarda. E, claro, o cachorrinho, Nick. Eles o chamavam carinhosamente de gordinho ou Júnior, aquele que foi o alicerce dessa linda família.
Guerreiro, exerceu ofício de pintor antes de trabalhar com tecnologia. Também teve um emprego em uma empresa de fibra óptica. E, finalmente, conseguiu se realizar abrindo sua própria empresa, a TJX. Com ela, fazia colocação de câmeras de segurança, alarmes, cercas elétricas e manutenção de computadores.
Os amigos tornaram-se clientes fiéis. Mas, conta Nina que, com a partida de seu noivo, a empresa acabou. Apesar de Seu Tarcizio e Tomaz terem tentado dar continuidade, não têm o conhecimento do trabalho como ele.
A noiva sente muito sua falta e diz que uma das lembranças eternas é sobre o bem que ele lhe fazia. "Meu gato, ou meu tesouro, como o chamava, tinha um sorriso fácil e um lado teimoso. Mas foi um grande amigo, bondoso, engraçado e amoroso."
Quando chegava na casa da noiva, sentia-se em à vontade... Ia direto para as panelas, chamava Dona Cida de "sogra linda" e gostava de zoar com o "sogro" Adauto e o "cunhado" Júnior. Nem os pets escapavam de seu jeito carinhoso: lá ia ele brincar com a cachorrinha Mel e as gatas Lilly e Maju.
Amava a família e os amigos. E também churrasco! Por isso curtia juntar esses amores sempre que possível, com o prazer adicional em comandar a churrasqueira. Entre os amigos era conhecido como Tata, e para todos eram transparentes seu caráter e sua honestidade.
Além disso, ver a esquadrilha da fumaça era uma de suas paixões. Tarcizio era apaixonado pela Força Aérea, por músicas e pelo Natal. Nesse último, guloso como era, aproveitava para comer na casa da sogra e depois na casa dos pais.
De gosto eclético, mas extremamente musical, ele adorava ouvir e cantar. "Quando andávamos de carro, não podiam faltar sua playlist e ele cantando junto. Ele era muito divertido. Adorava me marcar em vídeos engraçados nas redes sociais", conta Nina Helena, que finaliza num desabafo saudoso:
"Nunca esquecerei tantas lembranças juntos. Como nosso noivado, que foi muito especial. Foi também inesquecível quando ele cantou pra mim 'Fogo e Paixão' em um evento. Companheiro que era, sempre ia comigo nos passeios e trabalhos de campo da faculdade. Em breve pegarei meu diploma, mas dessa vez sem sua presença física. Ele me chamava de gata e dizia: 'Você é minha vida'. Difícil pensar no caminho sem ele, mas nosso amor sempre me confortará. Te amo pra sempre."
Tarcizio nasceu em São Paulo (SP) e faleceu em Guarulhos (SP), aos 34 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela noiva de Tarcizio, Nina Helena Santos. Este tributo foi apurado por Jonathan Querubina, editado por Denise Pereira, revisado por Otacílio Nunes e moderado por Rayane Urani em 11 de outubro de 2020.