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Telma Regina Braga Freitas

1960 - 2020

Acolhia com amor e solidariedade. Como quando organizou uma arrecadação de móveis para os novos vizinhos.

Telma tinha orgulho em ser negra. O tempo todo estava sorrindo, sempre de bom humor. Casou-se com Luciano. Os dois tiveram a Ana Paula. Uma família cheia de amor.

Trabalhava como cozinheira em uma escola e ajudava quem quer que fosse no momento em que precisasse. A amiga Daniela foi uma das pessoas beneficiadas pela sua bondade quando foi viver no mesmo condomínio que ela.

As duas moravam no mesmo bloco, separadas apenas por uma parede. Telma, muito atenta às necessidades alheias, percebeu que aquela família que havia acabado de chegar era composta somente de irmãos, sem estarem acompanhados de pai ou mãe. Como se isso não bastasse, se mudaram sem as mobílias da casa. Claro que Telma também prestou atenção nisso.

Para quem tem o coração bom como Telma, se dar conta da realidade daqueles jovens foi o suficiente para despertar seu espírito de solidariedade e, além de ter providenciado a doação dos móveis, os acolheu muito bem. Estava continuamente oferecendo seus préstimos.

Daí para a frente estabeleceu-se uma sólida amizade e ela passou a considerá-los como se fossem seus filhos. Eles, que moravam longe dos pais, sentiam naquela mulher amável a força e a presença de uma mãe e se tornaram uma verdadeira família.

Eles não se viam muito porque os vizinhos tinham suas atividades fora de casa o dia todo e, aos finais de semana, era ela quem saía, mas era sempre especial quando se encontravam, normalmente à noite. Telma pedia que Daniela levasse café para ela.

Gostava muito de limpeza, plantas, chocolate, café e amava cozinhar. Fazia cada bolo incrível para a família e os vizinhos. Eles eram fãs da torta de frango, também. Sempre uma delícia.

A família e os amigos colhem os frutos de sua generosidade, que ficará eternamente com eles, assim como o seu sorriso que deixou as melhores lembranças.

Telma nasceu em Feira de Santana (BA) e faleceu em Feira de Santana (BA), aos 61 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela amiga de Telma, Daniela Costa. Este tributo foi apurado por Larissa Reis, editado por Vera Dias, revisado por Bettina Florenzano e moderado por Larissa Reis em 3 de fevereiro de 2022.