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Thiago Maciel Pereira

1984 - 2021

Professor de Português, ensinou um pouco sobre Gramática e muito sobre amor.

Apaixonado pela arte de ensinar, estava sempre buscando ser o melhor. Inovador e criativo, se esforçava buscando novas metodologias para que seus queridos alunos não se perdessem na monotonia de uma aula qualquer de Língua Portuguesa. Mas isso era algo impossível de acontecer; as aulas de Thiago nunca eram comuns, porque só ele, por si só, já era muito especial.

Nos intervalos das aulas, o professor Thiago se transformava no menino Thiago. Cantava, dançava, jogava vôlei, conversava com os alunos, brincava com todos os colegas de profissão. Ao entrar na sala dos professores Thiago parecia trazer um pedacinho do sol consigo, pois iluminava o espaço e irradiava o ambiente de alegria. Sua energia era incrível, e era fácil saber quando o professor não ia trabalhar: bastava ver a escola toda “jururu e borocoxô” para saber quem havia faltado. O espaço ficava quieto e sério e todos faziam referência à ausência dele.

Como professor dedicado que era, fazia questão de exigir o melhor desempenho dos alunos. Afinal, que mestre não quer ver o sucesso de seus pupilos? Thiago estava sempre no pé, exigindo o que ele sabia que faria a diferença na vida dos estudantes. Mas, se não abandonava o lado sério da profissão, também não deixava a diversão de lado. Quem não lembra dele passando nas salas chamando todo mundo pro Beach Park? Quem não lembra dele brigando pelo espaço na quadra daqueles que não gostavam de futsal? Ou dele jogando junto com seus alunos? E no momento que foi possível, jogando ao lado deles no intercalasses e cobrando que dessem seu melhor nos jogos, tanto quanto cobrava deles em desempenho acadêmico. Thiago sabia que só a educação salva, mas que sem o lazer pode se transformar em apenas mais uma forma de aprisionamento.

Trabalhou em muitos lugares, e conquistou inúmeros corações. Era difícil resistir ao bom humor e à simpatia; ao amor pela profissão e à paixão pela vida que Thiago tinha. Homem de sorriso aberto, cativava a cada um de uma forma diferente, demonstrando por todos o mesmo carinho e amor.

Thiago pulsava vida. Doou mais do que recebeu, fez muito, viveu tudo. Motivava seus alunos como todo professor deveria fazer, e acreditava no potencial de todos eles; sabia que cada um seria capaz de alçar grandes voos. Chamava a todos de brilhantes. Nos vestibulares da vida, Thiago dividia com seus pupilos um pouco do desespero e do cansaço, e eles dividiam com ele muito de suas conquistas e aprovações. Foi quase um pai, e não seria estranho se muitos alunos o chamassem assim. É que Thiago ensinava como mestre, mas tinha amor e afeto de pai pelos seus alunos que poderiam também considerar-se como seus filhos.

E não foi apenas como professor que se destacou. Como coordenador e diretor também conquistou muitos corações, e conquistaria ainda muitos outros em qualquer outra área na qual decidisse atuar. Thiago era incrível, e era por isso que muitas vezes era chamado de “top”. É porque ele era único.

Cultivou grandes grandes paixões: sua mãe, seu sobrinho, sua família, seus amigos; e claro, seus alunos. Era encantado pelas comemorações de São João, e amava fazer viagens. Tinha um sorriso sincero, uma alegria espontânea, e acima de tudo, coragem de vencer e levar os outros à vitória também. Thiago não tinha prazer em conquistas individuais. Não sabia ser só. Tudo era dividido com aqueles que amava.

Assim como seus alunos, Thiago também era brilhante. Não por acaso virou estrela no céu. Familiares, amigos e alunos sentem saudade todos os dias. Sem Thiago a escola parece agora apenas uma escola comum, sem a risada iluminada ou a alegria do professor de Português que era muito mais do que apenas um professor de Português.

Thiago ensinou muito e aprendeu bastante também. Ao lado dos alunos que tanto o admiravam descobriu que as dificuldades da vida existem e são imensas, mas não existe nada que um professor "top" e sua vontade desmedida de ensinar não supere. Além disso, Thiago será eterno. Viverá para sempre nas festas de São João, em uma coreografia maluca, em cada aluno que ele conheceu e cuja vida transformou. Augusto Cury se encantaria por esse professor brilhante que ensinou alunos fascinantes.

Essa é uma homenagem dos estudantes e colegas do professor Thiago, representados por Heline Helena Peixoto Braga, Elaine Peixoto Braga, Ivanilson e Cristiane Bezerra. Além de inúmeros fãs espalhados em muitas instituições e cursos diferentes, que se mobilizaram e esforçaram coletivamente, de muitas maneiras diferentes, para eternizar o brilhante professor que ele foi.

Thiago nasceu em Fortaleza (CE) e faleceu em Fortaleza (CE), aos 36 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela ex colega de trabalho de Thiago, Elaine Peixoto Braga. Este tributo foi apurado por Hélida Matta, editado por Bárbara Aparecida Alves Queiroz , revisado por Ana Macarini e moderado por Rayane Urani em 31 de março de 2021.