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Tomaz Soares da Silva

1962 - 2021

Um acumulador de afetos, experiências e memórias, que também gostava de colecionar uma coisinha ou outra.

"Meu pai era comerciante e muito conhecido em Itaúna e região. E ele amava atender as pessoas, mesmo tendo de lidar com as situações estressantes do cotidiano. Ele acolhia quem precisava, aconselhava, amava indicar o que ele achava que era melhor para as pessoas, inclusive em termos materiais.", conta a filha.

Sua vida se resumiu a trabalho e família. Era trabalhador que não tinha hora para parar. Enquanto fosse necessário, ele seguia batalhando. A família sempre foi seu "tudo" e ele não mediu esforços para ver todos bem e manter os filhos por perto, mesmo depois de encaminhados na vida - no caso dos mais velhos.

"Eu e meu irmão somos filhos do primeiro casamento e quando ele se separou de nossa mãe, não conseguia ficar longe; nos buscava todos os dias para dar ao menos uma volta de carro e estar conosco. Soube ser pai, mãe, amigo e companheiro para todas as horas." relembra Dayane.

Sempre incentivou todos os filhos a serem independentes e "nós sabíamos que podíamos ir em frente e arriscar nos arriscar, porque se algo desse errado teríamos o seu consolo e ensinamento, mas se desse certo tínhamos seu olhar orgulhoso e a comemoração da vitória, por menor que ela fosse.", continua a filha.

Não era de dizer "Eu te amo", mas demonstrava um amor enorme por meio de boas chamadas de atenção quando era necessário. Sabia a hora certa de oferecer conselhos e acolhimentos; e até na teimosia de insistir para que os filhos seguissem suas orientações, pois sabia em seu coração o que era melhor para eles. O que para muitos poderia parecer imposição para ele era a forma de demonstrar cuidado e amor.

Ele conseguia estar presente mesmo ausente. Mandava mensagens de bom dia e boa noite, mesmo tendo dito pessoalmente. Conversava com os filhos, utilizando um aplicativo de mensagens o tempo todo que podia e sua felicidade era cuidar dos seus.

Mesmo quando estava com problemas não deixava de sorrir, rir com a família e aproveitar a vida. Ele foi intenso, aproveitou tudo o que foi possível e ensinou o quanto é gostoso viajar e conhecer lugares em vez de acumular coisas. Curiosamente, Tomaz era um acumulador, o que acabava sendo engraçado no final das contas.

"Ele deixou sempre evidente o quanto nos amava, que a família era, foi e sempre será sua vida, junto com Deus, que era o amor dele. E esse era ele, mesmo com incontáveis defeitos: ele era amor.", despede-se Dayane, com afeto e carinho.

Tomaz nasceu em Itaúna (MG) e faleceu em Itaúna (MG), aos 59 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Tomaz, Dayane Rose Silva. Este tributo foi apurado por Rayane Urani, editado por Ana Macarini, revisado por Ana Macarini e moderado por Ana Macarini em 23 de abril de 2022.