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Ubirajara de Aguiar dos Santos

1952 - 2020

Ele era tão grande quanto a vida. Seu sorriso era espontâneo e em seu abraço sempre cabia mais um.

Quando estava muito feliz ou queria apenas espantar a tristeza, ele cantava. Era um hábito e também uma das paixões do homem que amava viver e cujo maior sonho era ver a família feliz e reunida. "Meu pai era vida, alegria, sorriso e amor", diz Fernanda.

"Vivi lindas histórias ao lado dele. A mais feliz e emocionante foi o meu casamento. Ser levada ao altar por ele foi a emoção mais linda de toda a minha vida", relembra a filha.

Ubirajara sempre foi um ótimo funcionário e um colega exemplar durante os trinta e três anos que trabalhou no banco.

"Com a família foi o melhor pai que eu e meus irmãos poderíamos ter. Era amigo, parceiro... um verdadeiro anjo. Sempre foi um ótimo marido e completamente apaixonado por minha mãe", conta Fernanda.

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Ele foi o Bira do banco, o Bira da AABB, o Bira filho, irmão, pai, marido, avô e amigo, mas para Cristina, que homenageia Ubirajara com tanto carinho, ele foi "o tio Bira".

Originário do extremo sul do estado mais ao sul de nosso país, Bira percorreu distâncias ─ do Chuí aos Lençóis Maranhenses ─ no exercício da profissão. Enraizou-se na terra vermelha do planalto médio sul-rio-grandense. "Lá, eu passava os calorentos verões gaúchos com meus primos. Sou agradecida por sua hospitalidade, pois me permitiu crescer junto a eles", relembra a sobrinha agradecida pela hospitalidade do tio Bira e por essas visitas de férias que permitiram que ela pudesse crescer junto deles.

Dono de um sorriso espontâneo e um abraço inesquecivelmente acolhedor, gostava de apreciar bons pratos e bebidas. Era daqueles que gostam de estar rodeado de pessoas, gostava de muita companhia, sempre. "Seu jeito de falar, de brincar e até mesmo de cozinhar era a memória viva do meu avô, que nos deixou há muito tempo", conta Cristina, para quem agora pai e filho estarão unidos em uma única lembrança.

"Quero imaginá-los cozinhando um matambre recheado sob olhar atento de minha avó. Quero que as pessoas se lembrem de sua história, de nossa história. Esse era meu tio. Esse era (é) meu tio Bira!", conclui Cristina.

Ubirajara nasceu em Santa Vitória do Palmar (RS) e faleceu em Passo Fundo (RS), aos 68 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha e pela sobrinha de Ubirajara, Fernanda Quinhones dos Santos e Cristina Lhullier. Este texto foi apurado e escrito por Lígia Franzin, revisado por Emerson Luiz Xavier e moderado por Rayane Urani em 28 de maio de 2021.