1935 - 2020
Em sua calmaria, ele foi a valsa rara, a vida que nunca para e o reencontro que nos espera para além de tudo.
“Enquanto o tempo acelera e pede pressa”, Valdecy, o Varda, Vardinha para os mais próximos, “se recusa, faz hora, vai na valsa. A vida é tão rara.”
Assim ele via a vida, de maneira rara e calma. Duas de suas maiores virtudes. Além da honestidade, de seu senso de justiça, tolerância e paciência.
Esposo, pai, avô coruja, agricultor, apicultor. Tinha até engenho de farinha.
Ele era tudo isso e mais um pouco. E mais um muito, para falar a verdade!
Ele era o artista da família. Demonstrava seu amor através de suas invenções.
Uma boa ideia e madeira era tudo do que precisava para criar algo de encher os olhos. E como num passe de mágica, o engenheiro sem diploma, como era carinhosamente chamado, aparecia com um avião de madeira para a neta mais velha. Seu último projeto foi uma casinha na árvore, com a qual a neta mais nova vibrou durante todo o projeto e construção, e quase conseguiu ver totalmente terminada.
Homem de muita fé, excursionava todos os anos ao Santuário de Nossa Senhora Aparecida, de quem era devoto.
Despedimo-nos dele com saudade, gratidão e um até logo. Nunca um adeus!
Somos capazes de vê-lo nesse instante sendo abraçado por sua filha Maristela, de quem sentia tanta falta.
Talvez ele esteja construindo para ela uma casa na árvore lá no céu. Daquelas bem grandes, cheia de cômodos. Aguardando a chegada da família, o dia em que estarão todos juntos novamente, e a visita de Nossa senhora, mãe de Jesus.
Valdecy nasceu em Major Gercino (SC) e faleceu em Tijucas (SC), aos 85 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela neta de Valdecy, Camila Formento Melo dos Santos. Este tributo foi apurado por Lígia Franzin, editado por Ricardo Valverde, revisado por Ana Macarini e moderado por Rayane Urani em 6 de janeiro de 2021.