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Valdemir Miquilino Ferreira

1968 - 2021

A cada oportunidade reunia toda a família em sua caminhonete rumo à Praia do Paúba, onde encontrava harmonia e paz.

Conhecido por levar plenitude a todos os lugares, Valdemir tinha sempre palavras sábias e encorajadoras em seus lábios. Com seu jeito simples e cativante, fazia com que a família e os amigos sempre se sentissem acolhidos ao seu lado.

Durante vinte e cinco anos, foi casado com Eliana, o grande amor de sua vida. O casal se conheceu através de uma amiga em comum, apaixonaram-se e logo se tornaram companheiros de todas as horas, em uma relação leve e divertida. Eliana relata: "Ao lado do meu marido, tive uma vida maravilhosa, repleta de momentos especiais! Em tudo que faço, me lembro dele, e essas memórias passaram a fazer parte da minha rotina. Por meio do seu coração de ouro, tive ensinamentos preciosos, como o valor do perdão e a certeza de que o amor deve estar presente em todas as nossas ações".

Do enlace entre os dois, vieram Gabriela e Carolina. Pai dedicado, Valdemir sentia-se pleno quando passava seu tempo livre em companhia das filhas, que lhe retribuíam todo o amor que há neste mundo. Fazia o impossível pela felicidade de suas meninas, transformando em seus todos os sonhos almejados por elas. Volta e meia, inclusive, dizia o quanto ansiava pela formatura das filhas.

Encontrou o seu refúgio na Praia do Paúba, localizada em São Sebastião, litoral Norte de São Paulo. "Entre as minhas recordações favoritas, estão nossas idas de caminhonete à Praia do Paúba, enquanto escutávamos Armandinho. Poucas coisas na vida eram tão bonitas quanto a felicidade estampada em seu rosto por estarmos todos juntos. Para meu marido, sinônimo de perfeição era, depois de um dia ensolarado, preparar alegremente o jantar de nossas filhas. Sentíamo-nos tão aconchegados em Paúba que brevemente planejávamos viver por lá", conta Eliana.

Com inúmeros momentos vividos por Valdemir em seu paraíso quase particular, certamente não havia outro lugar além da Praia do Paúba para que suas cinzas fossem derramadas: as lembranças de paz, harmonia e felicidade de Valdemir coadunaram com a imensidão e a profundidade do mar, transformando-os. Em meio a paisagens de tirar o fôlego, a pores do sol fascinantes e à tranquilidade promovida pelo ressoar das ondas em águas calmas, a memória e a saudade deixadas por ele se fazem eternamente vívidas, belas e imensuráveis.

Valdemir nasceu em Santa Lúcia (SP) e faleceu em Araraquara (SP), aos 52 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela esposa de Valdemir, Eliana Alonso Ferreira. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Andressa Vieira, revisado por Débora Spanamberg Wink e moderado por Rayane Urani em 25 de março de 2022.