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Valeriano de Castro

1951 - 2020

Seu assobio imitava de forma tão fidedigna o cantar dos pássaros que, à primeira vista, confundia qualquer um.

Valeriano carregava consigo um coração acolhedor e uma alma sempre disposta a ajudar ao próximo. Renara se recorda com carinho do avô: "Ele foi a pessoa mais generosa e devotada a quem amava que eu já conheci. Demonstrava seu amor por nós em cada palavra e gesto. Por meio do seu abraço tão aconchegante, sentíamos o seu zelo e a sua proteção".

Aos sábados, tinha o costume de reunir toda a família para um almoço, nunca faltando seu prato favorito: arroz, feijão, carne de porco e mandioca. Em meio a conversas e gargalhadas que ecoavam pela casa, parava para, em forma de assobio, imitar o canto dos pássaros. As aves, por sua vez, retribuíam, como se fosse uma sinfonia. Afinal, era impossível a qualquer ser vivo ficar inerte a um coração tão puro como o dele.

Valeriano nasceu em Planaltina (DF) e faleceu em Planaltina (DF), aos 69 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela neta de Valeriano, Renara Fonseca Castro. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Andressa Vieira, revisado por Bettina Florenzano e moderado por Rayane Urani em 10 de abril de 2022.