Vanda da Silva Serelo

1950 - 2021

Com ela os netos aprenderam que conselho de vó não tem prazo de validade.

Vanda nasceu em São Paulo e viveu setenta anos de muita história. Casou-se cedo, aos 17 anos, teve quatro filhos, sete netos e três bisnetos.

Trabalhou na roça numa vida dura, mas feliz, sempre contada por meio de histórias engraçadas e alegres da sua infância.

Trabalhou muitos anos cuidando de uma família abastada e outros tantos num restaurante de comida japonesa, onde aprendeu a fazer seu famoso "yakisoba", que se tornou tradição da família quando se juntava para comer. Sua neta Vitória, que nunca gostou desse prato, conta que recebia uma jantinha diferente porque ela queria agradar todos os netos.

Sempre preocupada com todos, sua forma de amar cada um era linda. Em pleno século 21, na era do telefone celular, ela manteve seu telefone fixo e ligava para todos diariamente. Era sempre a primeira a ligar nos aniversários, a primeira a ligar para parabenizar as vitórias, a primeira a ligar para confortar.

Ela adorava sair para ver as novidades das lojas e amava ir ao mercado com a mãe de Vitória, que sente muito a sua falta porque eram melhores amigas, num indescritível amor de mãe e filha.

Vitória fala do importante papel de Vandinha na sua vida: “Meus pais se separaram quando eu tinha 12 anos e ela foi meu pai, meu ombro amigo, minha conselheira e o amor da minha vida. Ajudou minha mãe a criar a mim e ao meu irmão. Foi um anjo enviado por Deus para abençoar esta família, foi o ponto que nos manteve unidos por tanto tempo, a voz da sabedoria que guiou cada filho e cada neto aos melhores caminhos”.

“Minha avó partiu, mas comigo deixou um mundo de preciosas lembranças. Tenho muitas histórias para contar, mas do que mais iremos sentir falta será dos almoços de domingo e das datas comemorativas que eram festejadas sempre na casa dela, com pratos pensados para satisfazer a cada um dos netos e filhos. Ela fazia um pouco do que cada um gostava de comer e sempre tinha o seu famoso pavê de chocolate no final de dia.”

“Um dia antes da minha avó falecer, minha mãe, que é muito temente a Deus, pediu a uma das enfermeiras que, durante o banho, passasse nela um óleo ungido, junto com o sabonete líquido, e lhe desse o recado de cada um dos filhos e netos. Após ouvir todas as lindas palavras, mesmo intubada e sem consciência, suas lágrimas correram. E na mesma madrugada ela faleceu”.

“Eu não perdi minha avó, ela apenas foi para onde sempre mereceu ir: um lugar maravilhoso, de acordo com o que ela era; e logo estaremos todos juntos na Glória. Depois que ela partiu, ir à sua casa, ver suas coisinhas, sentir seu cheiro, traz recordações incríveis; cada detalhe, cada planta, cada louça, me faz ter memórias gostosas e dar risadas."

"No final, eu só posso agradecer por tudo o que a senhora fez por mim, por cada momento de carinho e compreensão, por todas as vezes que me salvou, por todo amor incondicional que só uma avó é capaz de dar. Te amo tanto vó! Sua passagem na Terra foi inédita e você nos ensinou muito. Que saudade de você!”