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Veríssimo Martins Filho

1959 - 2021

Um contador das histórias reais que vivia nas estradas, aumentando seu repertório.

Veríssimo começou a trabalhar desde cedo antevendo um futuro melhor para família que um dia iria formar, e foi trabalhando como motorista de ônibus na cidade de Uruguaiana, que conheceu Tânia, sua futura esposa, e juntos tornaram-se pais de Júlia Carolina e Fernando.

Pouco tempo após seu casamento, no ano de 1983, acabou indo para a estrada e, a partir daí conheceu muitos lugares no Brasil e nos países vizinhos. Sua vida direcionada para o ramo de transportes e, principalmente seu caminhão, tornou-se uma aventura e uma paixão, na qual incluía sua esposa e filhos em suas viagens.

Trabalhador incansável e generoso, ajudava seus colegas novos de profissão ensinando um caminho mais curto, a localização de uma fábrica ou de um simples posto que eles poderiam usar para descansar. Nunca se negava a nada e, quando encontrava seus amigos pelas estradas, se reunia com eles para uma janta ou almoço e por isso tudo, se tornou muito querido.

Foi assim durante anos a sua rotina diária, sempre levada com alegria e com muitas histórias, mas em 2019 começou a ser escrita quando passou a apresentar problemas em sua visão e, então, ele que não havia abandonado sua paixão nem com a aposentadoria, foi obrigado a dar um tempo na profissão e um diagnóstico posterior de severa doença foi o responsável pelo fim do sonho de voltar a dirigir seu caminhão.

Iniciou um tratamento em Santa Maria que durou meses, e ele seguia lutando como um guerreiro.

A Nora Lucélia conta sobre a participação de Veríssimo em sua vida: “Não posso deixar de falar que seu Veríssimo foi como um pai para mim. Quando meu pai faleceu, tinha conhecido seu filho e em poucos dias começamos a namorar, e desde o início foi simpático, carinhoso e tão amável comigo, parecia que me conhecia há muito tempo...

Com a perda do meu pai, acabamos passando por diversos problemas financeiros e toda vez que ele chegava de viagem pedia para sua esposa comprar comida para minha mãe. Nunca me pediu nada em troca.

No final de sua vida, ele e meu padrasto ficaram horas jogando conversa fora contando casos e histórias e depois de quarenta e dois dias de sua partida, meu padrasto também se foi, devem estar no céu, juntando histórias pra quando nos encontrarmos.

Era uma pessoa pura de alma e coração e serei eternamente grata por tudo que ele fez por mim e por minha família também.”

Veríssimo nasceu em Uruguaiana (RS) e faleceu em Uruguaiana (RS), aos 61 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela nora de Veríssimo, Lucelia Librelotto Pelizzaro. Este tributo foi apurado por Rayane Urani, editado por Vera Dias, revisado por Bettina Florenzano e moderado por Rayane Urani em 3 de maio de 2022.