Vivila Alves Fernandes

1946 - 2021

Levava para casa a refeição recebida no trabalho e transformava num saboroso mexido que alimentava toda a família.

Vivila foi uma mulher que o tempo deixou endurecida pelos tantos atropelos que teve na vida. Ficou viúva aos 32 anos com cinco filhos pequenos para criar numa época muito difícil onde o sustento da família era provido por seu marido.

Analfabeta, foi trabalhar como doméstica. Lavando e passando roupa para fora, deixava os filhos logo cedo e só voltava à noite. Apesar de tudo e de toda batalha, nunca deixou um filho passar fome. Em meio às dificuldades, muitas vezes deixava de comer o prato de comida que lhe era oferecido no trabalho, para levá-lo para casa e fazer o milagre da multiplicação, transformando-o em um mexido que dava para todos.

Com o tempo e muito esforço as coisas foram melhorando a ponto de lhe permitir, numa certa fase da vida, ir a bailes de forró e rodar o salão todo até o dia amanhecer.

Depois, com a idade, acabou perdendo a visão de um dos olhos, o que lhe tirou a vontade de frequentar festas à noite, mas não lhe tirou o prazer de continuar visitando os irmãos e as amigas, e nem o gosto de bater um papo com os vizinhos no portão.

Jhoy Lucas, um de seus netos, relembra Vivila dizendo: “Minha vó, apesar de endurecida pelo tempo, tinha um coração e um amor imenso por todos nós, e a gente amava e cuidava dela da mesma forma. Apesar de ela nunca dizer "eu te amo" pra ninguém, a gente sabia pelas suas atitudes e cuidado. Sempre que eu chegava em sua casa ela ia me oferecendo um monte de coisa pra comer, e com qualquer um era assim"...

“Que falta vai me fazer levá-la ao supermercado todo mês pra fazer as compras. Era nosso momento de sair, de a gente se sentar na lanchonete para tomar um café e jogar conversa fora. Obrigado vó, por tanto em minha vida!", ele conclui.