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Walfrane Leila Odísio dos Santos

1976 - 2020

Com sua exuberante presença e alegria contagiante, tia Leila nunca passou despercebida.

Esta é uma homenagem da sobrinha Nathália para sua tia Leila:

Algumas pessoas passam pela vida, a tia Leila não. A tia Leila viveu. E nunca passou despercebida, por sua exuberante presença e sua alegria contagiante.

Quem olhar esta mensagem e tiver conhecido a tia Leila vai se lembrar sorrindo. Linda de viver, amou e foi profundamente amada. A melhor companhia de uma mesa de bar. Motorista prudente. Filha dedicada aos pais idosos, irmã e companheira de todos, tia carinhosa.

Eu fui agraciada com muitos momentos lindos com ela. Tive a alegria de ter uma tia jovem que me acompanhou desde cedo às festas, que as pessoas da minha idade não frequentavam, mas eu tava acompanhada da tia Leila né?!

Minha tia me acompanhou em uma viagem de ônibus de três dias de Pimenta Bueno a Ubá, em Minas Gerais, para que eu pudesse fazer o vestibular seriado. Pegamos vários “cata-jecas” pra chegar ao interior de Minas. Em um deles, saindo de Barbacena, fazia um frio lascado, e, abraçadas pra aliviar o frio uma da outra, começou a tocar “Fico assim sem você”, da dupla Claudinho e Bochecha. Nós elegemos essa música como a nossa música.

A tia Leila me levou pra conhecer o Rio de Janeiro em 2004. Eu a levei para o Rio de Janeiro em 2019, em sua última estada nessa cidade. Ela sempre dizia que o estado do Rio de Janeiro foi muito agraciado com belezas naturais.

A tia Leila também ia comigo às viagens de congresso científico e aproveitávamos para conhecer os lugares. Tia Leila me levou a Lugo, me instalou e me deixou no lugar mais apropriado segundo os parâmetros dela.

A tia Leila foi motorista das minhas pesquisas de campo, camerawoman de grupos focais, agenciadora de coffee breaks. Tia Leila foi comigo para as terras indígenas. Os indígenas também se encantavam com a sua presença.

Em fevereiro de 2020, a tia Leila conduziu a equipe do ResiliCoffee (projeto de extensão universitária) de Porto Velho a Cacoal. Ela simplesmente era a melhor motorista que conheci.

Nessa viagens falamos sobre os meus próximos passos profissionais, planejamos uma viagem ao México. Não deu tempo. Mas tudo que deu tempo nós vivemos, rimos, nos abraçamos.

O relógio definitivamente ficou de mal comigo. Mas eu me abraçarei a todas essas lembranças, que são fontes de vida e de amor. Love u!

Walfrane nasceu em Pimenta Bueno (RO) e faleceu em Pimenta Bueno (RO), aos 44 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela sobrinha de Walfrane, Nathália Thaís. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Manuella Caputo, revisado por Otacílio Nunes e moderado por Rayane Urani em 19 de outubro de 2020.