1951 - 2021
O melhor acompanhamento para os seus jantares era um bom conhaque.
Seus pais o batizaram com um belo nome composto, mas para os mais chegados ele era, simplesmente, Warti. Com seu ar sério e observador ganhava respeito de quem o conhecia. Com suas piadas, histórias e conhecimento cativava facilmente a admiração de quem o conhecia.
Se existia alguém capaz de arrumar algo, do trabalho mais pesado ao mais detalhista, esse alguém era ele. Metalúrgico de mão cheia fazia, era o típico "faz tudo". Seus conhecimentos iam desde a reforma em maquinários pesados até trabalhos minuciosos de elétrica, os anos de experiência e expertise lhe renderam a fama de resolver serviços considerados impossíveis, por isso, era muito procurado. Consertar, arrumar, ajeitar era também a forma que ele usava para demonstrar afeto pelos seus. "Se algo estragasse, era com ele que a gente podia contar", relembra orgulhosa a filha Simone.
Não comia alho nem cebola, mas não fazia desfeita para mais nada. Apreciava os doces e gostava de manter a fruteira cheia. O cardápio favorito para o jantar era costela assada acompanhada de um vinho artesanal, e para completar a alegria de viver, gostava de tomar uma cervejinha ou conhaque com os amigos e familiares.
Falava de Deus, de política e discorria bem desde os assuntos mais sérios até as piadas mais bobas. Não vivia sem os "seus noticiários", como dizia, e contava descontente como o mundo andava mal. "Era aquele tipo de avô provocativo que as netas queriam ter sempre por perto. Era o pai 'sarna' e ajudante, o irmão debochado, o tio prestativo, o marido de quase quarenta e cinco anos de casamento com suas qualidades e defeitos tão característicos que deixou vestígios em todos nós", conta a filha Simone.
"O homem forte, que não se abalava por nada, findou e abriu caminho para uma saudade eterna dentro de nós, sem seus assobios e seu andar calmo ao subir as escadas que rangiam, seguimos firmes em homenagem a sua figura inabalável", diz a filha.
Walter nasceu em União da Vitória (PR) e faleceu em Porto União (SC), aos 70 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Walter, Simone Hoffmann Missau. Este texto foi apurado e escrito por Lígia Franzin, revisado por Claiane Lamperth e moderado por Rayane Urani em 12 de março de 2022.