1960 - 2020
Como profissional, salvou vidas. E a sua era melhor quando estava na chácara junto à família, seu maior bem.
Um bombeiro muito orgulhoso de sua profissão e do que ela lhe proporcionava: salvar vidas.
Mais do que um trabalho, era uma missão. Raimundo conta que o sogro veio ao mundo para ajudar seus semelhantes. Sempre gostou de contar à família suas aventuras de salvamento na corporação do Distrito Federal. Ganhou de seus ex-companheiros o apelido de Sarney, graças ao seu bigode parecido com o do político.
Seu outro apelido era Bigode. Aliás, era seu ponto fraco na vaidade: tinha que mantê-lo sempre alinhado e bem-cuidado.
Sua infância foi a de um menino bastante popular. O tal dono na bola, da rede de vôlei, do som... Isso o levou a conhecer, nesse período, a menina com quem veio a se casar. E foi com Ana Lúcia que tornou-se o paizão de Isabela, Ingrid e Wesley.
Bigode tinha irmãos em Minas Gerais e em São Paulo. Para ele, a família vinha sempre em primeiro lugar. Um sonho que vinha de longe era ter uma chácara, um desejo normal no Centro-Oeste.
"Pois meu sogro havia recém-realizado esse sonho. Seu espaço ganhou o nome de 'Chácara do Vovô'. E lá, mesmo que tendo usufruído tão pouco, foi bem feliz. Pôde curtir a galinha caipira que o genro Leandro fazia para ele e a comida da filha Ingrid, que ele adorava", conta Raimundo.
Era em sua chácara que gostava de contar de sua infância, dos filhos e de suas histórias do tempo de bombeiro. A família lembra de um desses relatos, em que ele narrou ter entrado em um bueiro de esgoto para salvar um rapaz com transtornos mentais.
Todos os finais de semana eram sagrados de estar no seu cantinho. Os netos passaram alguns dias lá, mas nada comparado ao grande desejo desse homem: Bigode via-se envelhecendo na chácara, rodeado pelos filhos e os quatro amados netos: Alice, Heitor e os gêmeos, Isaque e Pedro, de apenas seis meses. Mas esses planos foram bruscamente interrompidos... há duas semanas de completar 60 anos.
O genro finaliza lembrando que o sogro estava sempre feliz e era uma pessoa boa, que não sabia dizer não. "Impossível não recordar, quando penso em música, que ele tinha um gosto bem diversificado. Mas adorava uma canção em especial, de Chitãozinho e Xororó: 'Se Deus me ouvisse'. Acredito que Ele não só ouve como o ampara. E nós ficaremos com muitas lembranças boas."
Washington nasceu em Gilbués (PI) e faleceu em Taguatinga (DF), aos 59 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pelo genro de Washington, Raimundo Júnior. Este tributo foi apurado por Denise Pereira, editado por Denise Pereira, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 8 de novembro de 2020.